Casa Sloper e o saudosismo carioca

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Recentemente, o prédio Sloper Corporate, que fica na Rua Uruguaiana, no centro do Rio, foi vendido pela Sérgio Castro Imóveis, para a Vabrad, marca brasileira aliada a um fundo da Bélgica: só a loja no térreo foi vendida por R$ 42 milhões. O nome do edifício remete a um saudosismo que muitos cariocas fazem questão de conservar.

Na década de 1950, o edifício, construído em estilo art deco, abrigou a maior das lojas da Casa Sloper, ponto tradicional da sociedade carioca. Além de acessórios como cordões, pulseiras, anéis e outros utensílios do gênero, o magazine vendia cosméticos, vestuário feminino, masculino e infantil, roupa de cama e mesa, brinquedos, cristais e objetos de decoração.

Casa Sloper em 1958

O estabelecimento também era conhecido pela beleza de suas vendedoras, que estavam sempre elegantemente vestidas e preparadas para um atendimento qualificado, interessado nas subjetividades de cada cliente.

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Nos últimos anos, o prédio entrou na onda do Retrofit, conceito desenvolvido na Europa, que em arquitetura consiste em aliar fachadas e estruturas históricas à modernidade e ao conforto das novas construções.

Sloper hoje

A calçada histórica de pedras portuguesas, por onde passaram muitas pessoas famosas e anônimas ao longo dos séculos, pois o prédio se localiza entre a Uruguaiana e a Rua do Ouvidor – duas das vias mais importantes do Rio Antigo – também foi restaurada.

As joias douradas vendidos na Casa Sloper eram tão desejados que inspiraram uma canção de João Bosco. Em “Bijuterias”, o cantor e compositor diz: “Transparentes, feito bijuteria da Sloper da Alma”. A canção fez sucesso como tema da novela “O Astro”, no final dos anos 1970.

Além disso, a Casa Sloper motivou também outras artes, como a peça de teatro “A Caixeirinha da Sloper”. Sem contar que fazia parte do inconsciente coletivo dos cariocas, que iam às compras ou levavam os filhos para passear no Centro, no tempo em que a arquitetura urbana, ainda ordenada, lembrava Paris e outras cidades históricas da Europa.

“Um presente da Sloper era garantia de bom gosto para uma classe média ainda cheia de esperança. E o seu elevador quase transparente de portas douradas era uma espécie de nave sideral segura, subindo e descendo. Ai, ai. Quem ainda pegou a loja em seus tempos áureos, sabe que entrar lá era uma viagem para crianças e adultos” diz um texto de Carlos Leonam e Ana Maria Badaró, publicado em 2009 no site da revista Carta Capital.

Sloper Petropolis

A zona norte do Rio também teve suas Slopers. A loja tinha filiais menos charmosas, porém igualmente simbólicas, na Tijuca e no Méier. A Cidade Imperial, Petrópolis, também tinha uma Sloper para quem subia a Serra. Até o Nordeste do país foi contemplado. Na Bahia, o endereço era na famosa Rua Chile, 21, no centro de Salvador.

Uma loja desse estilo não poderia faltar na zona sul do Rio de Janeiro. Na Nossa Senhora de Copacabana, esquina com Raimundo Correa, morou por muito tempo uma Casa Sloper.

Casa Sloper na Tijuca

O sucesso chegou a ser internacional. Para muita gente, a Sloper era considerada Selfridges tupiniquim. A comparação com a marca londrina se dava por conta da liderança e imponência no mercado. Sediada na capital inglesa, a Selfridges liderou o mercado de varejos mais respeitado e rico do Reino unido por décadas. A Sloper abriu até uma loja na Broadway, em Nova Iorque!!!

É burrice querer frear o progresso. No entanto, por outro lado, também não é inteligente renegar o passado. A tradicional Casa Sloper da Uruguaiana não existe mais. Todavia, a memória vive. E o desejo que fica é que o Rio siga com essa capacidade de abrigar o novo e o antigo no mesmo espaço.

Sergio Castro

Com mais de meio século de tradição no mercado imobiliário da Cidade do Rio de Janeiro, a Sergio Castro Imóveis apoia construções e iniciativas que visam o crescimento da Cidade Maravilhosa sem que as características mais simbólicas do Rio se percam.

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16 COMENTÁRIOS

  1. Eu trabalhei na casa Sloper da Uruguaiana. Entrei como contínuo e sai como chefe do depósito da Visconde da Gávea. Namorei uma funcionária de nome Lúcia Silva, que marcou a minha vida. Aí vim embora para o Amazonas

  2. Lendo esse site me dei conta que os historiadores sobre as lojas e outras situações, não tem a mínima preocupação de reconstituir essas histórias com base nos relatos das pessoas que lá trabalharam. Não é por acaso que em nosso país existe o dia do trabalho, mas não existe o dia do trabalhador.
    Ficaria satisfeito se um dia pudesse ler testemunhos particulares sobre os lugares ou fatos de nossa história.
    Quero saber mais sobre as pessoas que somos nós, achando que estariamos nos aproximando mais das identidades do que da nacionalidade. O natural superaria o nacional.

  3. boa tarde a todos, sou Mateus, tenho um brecho na região metropolitana de Curitiba, em uma garimpagem embusca de peças, encontrei um sapato com a marca, casa sloper parece me ser de época, anos 60 talvez, esta em estado de novo …..gostaria de maiores informações de quem conheceu a loja e os artigos la vendidos.

  4. Trabalhei lá uns 12 a 13 anos ,amava aquela loja lá eu aprendi muita coisa fiz até curso na IBM em Benfica ,gostaria muito de acha duas amigas muito importante Shirley e Sueli pena que não lembro o sobrenome , só ficou a saudades .

  5. Minha avó sempre que ia á cidade ela comprava um Crush com cachorro quente na loja Brasileiras é me colocava sentada encostada a vitrine próximo a porta é ia ver as vitrines.Bons tempos,comia o meu lanche,minha avó ficava feliz de ver a Sloper que era o mistério da época é voltávamos para a casa de bonde felizes!

  6. esqueceu de mencionar a filial de Madureira na Estrada do Portela ao lado das lojas americanas. eu ia lá com minha mãe e minhas irmãs .

  7. Tbm trabalhei na sloper mas foi em Curitiba , trago comigo o que aprendi trabalhando nesse lugar hoje coordenador algumas pessoas na filarmônica de Belo Horizonte porém com o diferencial das lições que nunca esqueci
    Foi bom ler essa reportagem

    • Ganhamos, minha irmã e eu, uma pulseira de peixinho, estilo bracelete, embrulhadas em uma caixinha vermelha, com o logo da casa sloper. Papai, em 1970, fez uma viagem a Curitiba e nos trouxe esse mimo. Nunca esqueci

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