Centro Dom Vital: Cultura e Religião – Intermediações

Que relações pode-se estabelecer entre a cultura e religião?

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Em muitos ambientes ‘praeter’ marxistas, com fortes tendências a minimizar tanto a avaliação do ‘fenômeno religioso’, como de suas interações com outras esferas da realidade, que se poderia, às vezes, resumir-se em grito, uma forma natural de revolta contra as ‘invectivas’ da Religião sobre as legítimas expressões sociais, como a cultura, as artes, a Filosofia e etc., a Religião é um fenômeno invasor.

Essa visão já bem superada em ambientes acadêmicos arrojados, com pesquisas interdisciplinares interessantes, desenvolvem uma produção que se alastra sempre com maior interesse, entre estudiosos contemporâneos.

Primeiramente, pensemos no complexo conceito de ‘cultura’, uma das tarefas mais íngremes no desenvolvimento das ciências sociais do séc. XX. Hoje, talvez a antropologia guie este fenômeno, na busca de entender o fundamento, os conceitos, a compreensão que disparam em discussões também existentes, em diversas outras áreas, como a historiografia, a etimologia e a arqueologia.

Mas o que é cultura? Partiremos da ideia e da experiência humana. Cultura parece ser reconhecida na esfera própria de atos humanos, coletivos. Cultura expressa em sua profunda polissemia as marcas exclusivas da intervenção humana como fenômeno coletivo. Mesmo que consideremos uma certa discussão ‘personalista’, o termo e a experiência da cultura constituem-se como um ‘dado’ coletivo.

A Cultura implica na formação e na intervenção humana, sobre uma forma de coletividade, reconhecida por um grupo como uma forma operativa de legitimação de valores identitários, em contraste, primariamente, com as ‘formas animais’ gregárias (matilhas, bandos, alcateias…).

Para entender a cultura, em seu desenvolvimento social, político e estético, são necessários recursos mentais e de pesquisa que admitam que a cultura supõe, como ato segundo, uma natureza ativa, (que elabora e, portanto, não é espontânea ou inconsciente) e, reflexiva (que reelabora o mundo ao redor e dentro da coletividade) e que toma inciativas com alto teor de poder, pois a cultura julga, seleciona, impõe, nega e desenvolve uma ética e uma estética (Bom e o Belo) da realidade. Ela quase impede um grupo social a medir-se exclusivamente pela obviedade dos instintos. Ela se manifesta como ‘kriterion’ na gestão e na formação de determinados grupos socias, inclusive, colocando grupos em tensão e conflitos.

Neste sentido, que relações pode-se estabelecer entre a cultura e religião?

A partir de estudos sobre as dimensões sacras, sociais e políticas da Religião, sobretudo após o século do ‘iluminismo’ (séc. XIX) de Marx, Freud e Nietzsche, no período entre as duas grandes Guerras, desenvolvem-se estudos de natureza historiográfica, etimológica, e culturais para averiguar as interações entre a Cultura (Sociedades) e a Religião como novas perspectivas. Talvez a ‘História Nova’ francesa tenha despontado nos albores do séc. XX, como um luminar de ideias novas, que segundo a visão dos seus fundadores, permitia uma visão mais profunda da mente e dos comportamentos e identidades do passado medieval e antigo da Europa (mentalidades, as ideias…).

A Religião independentemente da consideração ou experiência do estudioso, está relacionada de modo orgânico, com as decisões, as idiossincrasias, as redes de valores de um determinados grupo social e que se expressa de modo decisivo na construção material e simbólica daquela antiga forma social. Quando se investiga um grupo social distante e diverso do nosso, o fenômeno religioso deveria ser considerado como uma ‘forma inteligente’ de crítica social.

A Religião elenca-se como uma criação social, assim, como a roda, o cemitério, as relações entre gêneros, a organização do espaço físico (da aldeia às grandes cidades), as guerras, a ética social e o âmbito da estética (bom, agradável, feio, repelente), e mesmo do comportamento familiar e pessoal, onde a Religião assume uma forma profunda de orientação e controle, sobre diversos aspectos da vida cultural.

Por fim, é dentro deste âmbito que desenvolveremos em outro artigo, uma discussão específica entre a Religião e a Literatura, como formas profundas de representações humanas.

O panorama da produção literária ao longo dos milênios, nas formas orais ou escritas, cunha uma sorte de decisão sobre o mundo, a sociedade, o sobrenatural e o próprio mundo natural, que plasmam a identidade, em formas concretas de sociedade.

Deste ponto de vista acadêmico e epistemológico se estabelecem as possíveis interações entre a Arte e a Sociedade ao longo dos milênios.

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