Há uma semana, o mundo recebia, consternado, a notícia da morte do Papa Francisco.
Ele era amado e reconhecido como uma liderança mundial sensata e justa. Foi além do universo católico, que corresponde a apenas 17,5% da população mundial.
Ao seu sepultamento compareceram 50 chefes de estado e de governo, 130 delegações de diferentes países. Cerca de 400 mil pessoas lotaram as ruas de Roma para se despedir do Papa, no sábado.
O tempo não para e – que pena! – logo, o nome de Francisco será cada vez menos mencionado.
E suas palavras e ações, para além do “mito papal”, que ele, no seu despojamento, nunca alimentou?
Os diálogos para a paz entre Rússia e Ucrânia e em outras partes do mundo gerarão cessar fogo? O massacre do governo Netanyahu sobre Gaza terminará? A acolhida e o respeito à dignidade dos imigrantes prevalecerão? O cuidado ambiental aumentará? As políticas públicas darão centralidade aos marginalizados e “descartados”? A discriminação por gênero, cor da pele e orientação afetiva será efetivamente combatida? A idolatria do lucro e do dinheiro acabará? O diálogo inter-religioso prosseguirá? A paz mundial, enfim, chegará?
E no plano pessoal, de cada um(a) de nós que admiramos Francisco? Para honrar sua memória e, de fato, sermos coerentes com o reconhecimento da sua relevância, o que estamos fazendo, em casa, na vizinhança, no trabalho, na escola, nas redes e nas ruas?
Temos sido gentis (“obrigado”; “bom dia”; “você está bem?”; “precisa de alguma coisa?”; “durma em paz”) e reconhecido o outro como nosso irmão? Temos nos preocupado com sua aflição? Temos praticado o bom humor de quem sabe que viver é uma benção, uma dádiva cotidiana a ser sorvida com alegria? Temos separado o lixo que produzimos, lavado a louça em que comemos, arrumado a cama em que dormimos? Temos exercido nossa cidadania e participado dos movimentos que têm a igualdade social e a democracia plena como propósito?
São Francisco de Assis dizia que a melhor maneira de homenagear nossos mestres que partiram “é fazer o que eles fizeram”.
Indaguemos aos donos do mundo e a nós mesmos: honraremos o legado de Francisco?
Só praticando os valores da solidariedade, da ética pessoal e social e da política do bem comum o mundo ficará melhor.
E Francisco e a legião de santas e santos, no Mistério da eterna-idade, sorrirão…