Circo Crescer e Viver lança projeto digital dedicado à memória da Cidade Nova

Plataforma online de pesquisa histórica conta com cerca de 300 verbetes de eventos e personalidades que se destacaram na região

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Casa da Ciata, na Praça Onze, onde aconteciam encontros dos sambistas pioneiros e foi criada a música “Pelo Telefone”

Desde 2004, contribuir para o desenvolvimento das comunidades do seu entorno sempre foi um dos objetivos do Circo Crescer e Viver, instalado na região central do Rio de Janeiro. Seja por ações comunitárias, sociais ou de programas de formação profissional. Com esse viés, o Circo lança no dia 28 de junho o projeto ‘Território Inventivo’, uma plataforma de tecnologia e memória que busca cartografar e dimensionar a riqueza cultural, social e histórica vibrante na Cidade Nova e adjacências, de 1811 (data de criação do bairro) até 2021.

Desenvolvido pela equipe de pesquisadores do Circo, liderada por Miguel Jost e Patrícia Froes, a plataforma é uma enciclopédia interativa com georreferenciamento, fotos e informações sobre os principais eventos e personalidades que habitaram e/ou circularam na região, que é repleta de singularidades e ao mesmo tempo representativa do Rio de Janeiro como um todo.

Mapear e reativar a história cultural da cidade nova é algo profundamente importante para entendermos como superar desafios que o Brasil e o Rio de Janeiro enfrentam ainda hoje. Essa plataforma, nesse sentido, pretende ser uma contribuição para os debates da cultura brasileira e um convite para que todos possam conhecer ainda mais a força da história desse território”, conta Miguel Jost.

Dentre os acontecimentos históricos ocorridos na região, podem-se destacar o nascimento da composição de “Pelo telefone”, surgida numa roda de samba realizada na casa de Tia Ciata, que ficou conhecida como o primeiro samba a ser gravado (por Donga, em 1916); a visita de Orson Welles, considerado um dos artistas mais versáteis e geniais do século XX, que veio ao território gravar seu documentário “É tudo verdade”, com participações de Grande Otelo e Emilinha Borba, mas que nunca foi lançado por questões com a produtora RKO; e até a visita de Albert Einstein à Praça Onze, que foi estratégica para o fortalecimento da cultura judaica na cidade.

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Já entre as personalidades, o projeto traz informações sobre Chiquinha Gonzaga, autora de “Forrobodó”, obra que gerou o espetáculo de sucesso “Forrobodó – Um Choro na Cidade Nova”; Luiz Melodia, que cresceu no morro de São Carlos no bairro do Estácio; e Pedro II, que durante seu reinado elegeu o então Palácio do Conde dos Arcos, na região da Cidade Nova, como a nova sede do Senado Imperial. O endereço abriga hoje a Faculdade Nacional de Direito da UFRJ.

O mapeamento e a visibilização desses e tantos outros acontecimentos na Cidade Nova, contribuem para revelar o quanto esta região foi fundamental para a formação do que podemos chamar de cultura brasileira. A partir desta constatação, cria-se a necessidade de resgatar e recriar esse lugar de encontros, convívios e trocas fundamentais para a geração de manifestações culturais.

“Desde a sua criação a Cidade Nova, mesmo com toda importância histórica para a formação da identidade cultural brasileira, sofre com os apagamentos gerados por inúmeras transformações urbanísticas. O que queremos com esta plataforma é reverenciar a memória deste território e evitar que novos ciclos de ‘desenvolvimento’ sejam apenas a expressão das lógicas de expansão e expulsão de gentes e dilapidação da história. O Rio — patrimônio da humanidade, trata muito mal os lugares que têm muito a dizer sobre ele mesmo, o Brasil e os seus futuros possíveis”, comenta Junior Perim, diretor presidente do Circo Crescer e Viver.

Além do conteúdo disponível, fruto de uma intensa pesquisa, a plataforma atua como um mecanismo vivo e abre espaço para contribuições históricas e da atualidade, onde o público pode sugerir novos personagens e eventos, não alcançados pela primeira versão.

A realização é fruto do trabalho do Circo Crescer e Viver com o patrocínio da Globo, da ONS e da Prefeitura do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura.

O lançamento oficial da plataforma acontecerá as 17 h do dia 28 de junho, terça-feira, no auditório do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Rua Júlio do Carmo, 251, Centro, Rio de Janeiro, RJ. O evento contará com a presença de lideranças públicas e privadas, além de reunir a comunidade acadêmica, pesquisadores e a sociedade civil em torno do debate do território. A inscrição para o evento será gratuita.

O evento contará com os participantes:

BEATRIZ COELHO SILVA, autora do livro “Negros e Judeus na Praça Onze”; MIGUEL JOST, antropólogo e coordenador da pesquisa do projeto; MARCUS FAUSTINI, secretário municipal de cultura; LUIS CARLOS CIOCCHI, diretor-presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico; JUNIOR PERIM, diretor-presidente do Circo Crescer e Viver; ANA PAULA BRASIL, diretora da área de valor social da Globo

Igreja São Pedro dos Clérigos, construída em 1738, de arquitetura barroca. Tombada pelo Patrimônio Histórico em 1937, a igreja foi demolida em 1944. Estava localizada onde atualmente é a Rua Miguel Couto, no Centro

A próxima parte do projeto ‘Território Inventivo’ será o de criar um aplicativo, capaz de mapear os novos fluxos estéticos, lugares de encontro, sociabilidade e invenção cultural contemporânea do território mapeado pela plataforma.

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