Com centros culturais ameaçados, cariocas se mobilizam e enviam carta à prefeitura

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Foto: Nelson Kon

A situação de três dos mais importantes equipamentos culturais da cidade — o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio (MAR) e a Cidade das Artes —, que hoje funcionam a duras penas por falta de verbas, acendeu o alerta de um movimento da sociedade civil que já reúne mais de 200 pessoas de diferentes áreas em prol da recuperação do Rio.

O Juntos Somos +Rio resolveu escrever uma carta ao prefeito Marcelo Crivella em que expõe a preocupação com o risco de paralisação das atividades nesses espaços. A indefinição sobre o futuro do Museu do Amanhã motivou a mobilização: apesar de o contrato com o instituto que faz a gestão do museu se encerrar no fim de novembro, até agora a prefeitura não anunciou qualquer medida, como uma abertura de licitação, para garantir que o local continue de portas abertas.

A carta é assinada por 89 pessoas, como a escritora Rosiska Darcy de Oliveira, imortal da Academia Brasileira de Letras; o empresário Sávio Neves, diretor do Trenzinho do Corcovado; o ex-presidente da Associação Comercial do Rio Paulo Protasio; a jornalista Andrea Gouvêa Vieira; a ex-juíza Denise Frossard; o maestro Felipe Prazeres; o arquiteto Washington Fajardo e o médico Jacob Kligerman.

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Foto: Divulgação Museu de Arte do Rio (MAR).

A organização civil, sem vinculação partidária, afirma ser formada por “riomaníacos”, que querem manifestar sua “profunda preocupação”. O texto cita o caso do Museu do Amanhã, o mais visitado no país e também na América Latina, cujo contrato com o IDG (Instituto de Desenvolvimento e Gestão), responsável pela gestão, termina em 30 de novembro.

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Foto: Divulgação Museu do Amanhã

Para o grupo, é urgente que se encontre uma solução de curto prazo para o Museu do Amanhã. À frente da mobilização, o médico e empresário Josier Marques Vilar diz que a carta ainda não foi entregue pessoalmente a Crivella por falta de agenda do prefeito. Ele pretende protocolá-la nesta quinta-feira no gabinete do chefe do Executivo municipal.

Chegou ao grupo a informação sobre o iminente fechamento do Museu do Amanhã em função da prefeitura ter reduzido o orçamento“, diz o médico. — “Como a prefeitura não tem dinheiro para repassar ao museu, surgiu a hipótese de uma concessão à iniciativa privada. Mas é preciso que o prefeito faça uma licitação. Só que, até agora, ele não convocou“.

O IDG informou que o orçamento em 2019 para o museu é de R$ 33 milhões e que, para este ano, a prefeitura acordou um repasse de R$ 2 milhões, mas só depositou, até agora, R$ 580 mil. Em 2016, foram repassados R$ 20 milhões; em 2017, R$ 12 milhões; e, no ano passado, apenas R$ 5 milhões.

Sobre o possível fim do contrato, o IDG diz que a paralisação do museu colocaria em risco não só os seus sofisticados equipamentos, como a programação. “As atividades de programação só podem ser planejadas até o final do período de contrato. Após novembro, não há definição sobre a manutenção da agenda de atividades do museu”, diz o IDG.

Diretor-executivo do Museu do Amanhã, Henrique Oliveira disse que a instituição tem uma operação complexa.

Uma interrupção nos processos levaria inevitavelmente a impactos elevados com travamentos mecânicos e/ou tecnológicos de diversas naturezas e valores. O conteúdo é constantemente atualizado, em média com 16 atualizações mensais. Preocupa-nos, enquanto cidadãos cariocas, qualquer possibilidade de suspensão operacional deste que é o museu mais visitado do Brasil. Mas estamos confiantes que a prefeitura está atenta, e encontrará a melhor opção para que o equipamento público permaneça sendo essa referência local, nacional e mundial”, afirmou.

Integrante do conselho científico do Museu do Amanhã, Rosiska afirma que fechar o espaço “é suicídio”:

“O museu fornece informação e formação científica numa época em que precisamos desesperadamente disso. Fechar o museu seria a constatação do fracasso não só da prefeitura, mas do Rio.

Para Sávio Neves, a questão ultrapassa a gestão municipal do momento:

“O Museu do Amanhã nasceu com o apoio da prefeitura, independente de quem seja o prefeito. A carta é um alerta, mostra nossa indignação.

Fajardo concorda, e destaca que a reputação do Porto Maravilha está em risco:

“O que afeta também a reputação da cidade do Rio, implicando até na captação de investimentos.

Segundo o MAR, nos últimos meses, a prefeitura arcou com 70% do orçamento de R$ 1 milhão por mês. A gestão é feita pelo Instituto Odeon, uma associação privada sem fins lucrativos, desde 2012. O contrato com a prefeitura terminou em abril e foi prolongado até 28 de setembro. Uma nova prorrogação é negociada.

As assessorias do prefeito e da Secretaria de Cultura — sem titular desde que Mariana Ribas pediu demissão, no dia 6 deste mês — não se pronunciaram. A Cidade das Artes, que vive o mesmo problema de falta de recursos, é gerida por uma fundação municipal. Ao deixar o cargo, Mariana disse que sua saída foi motivada pela falta de repasses a equipamentos culturais.


Museu do Amanhã
Com projeto do espanhol Santiago Calatrava, é o mais visitado do país e da América Latina: desde a abertura, no fim de 2015, até hoje, recebeu 3,7 milhões de pessoas. Desde abril, mais de 150 mil estiveram na exposição “Pratodomundo — Comida para 10 bilhões”.

MAR
Aberto em março de 2013, os dois prédios, unidos por uma cobertura em onda, têm programação interativa e polivalente. Neste primeiro semestre, recebeu 339 mil pessoas, 28% a mais do que no mesmo período de 2018. “O Rio dos Navegantes” é uma das mostras em cartaz.

Cidade das Artes
Desenhado pelo francês Christian de Portzamparc, é gerido por uma fundação da prefeitura e abriga eventos de música, teatro, dança e artes plásticas. Só a Grande Sala tem 1.250 lugares. A prefeitura não informou o público.

As informações são do portal do jornal Extra.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Quem elegeu Marcelo Crivella foi o mesmo eleitor que, na eleição seguinte, para governador e presidente, votou no Witzel e no BolsoNERO – foram os cabeças de vento (bagre) que não pensam.

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