Após dez anos de portas fechadas, o Palácio Gustavo Capanema, símbolo do modernismo no Centro do Rio, está prestes a reabrir suas portas ao público. A reforma, que enfrentou uma série de desafios financeiros e atrasos, será concluída ainda este mês, com previsão de pleno funcionamento a partir de janeiro de 2025. O edifício, que abrigou os Ministérios da Educação e da Saúde Pública quando o Rio era a capital federal, renasce com uma nova vocação cultural, acolhendo diversas instituições e espaços dedicados às artes e ao patrimônio histórico.
Cultura e modernismo em destaque
A Fundação Nacional de Artes (Funarte) já ocupa três andares do prédio. Em breve, vai transferir cerca de 300 funcionários — que estão de home office — para o Capanema. Sua antiga sede ficava localizada no Edifício Teleporto, vizinho à Prefeitura. O movimento simboliza, principalmente, a reativação de prédios fechados no Centro do Rio, trazendo mais movimento e utilidade para esta área, que é conhecida por ser menos movimentada.
O primeiro andar, caracterizado pelos pilotis, abriga o Auditório Gilberto Freyre e um salão de exposições, ambos completamente restaurados. O segundo pavimento destaca o famoso jardim projetado por Roberto Burle Marx, que agora está totalmente recuperado, junto à escultura “Mulher Sentada”, de Adriana Janacópulos, e um painel de Cândido Portinari. Nesse nível também há uma sala de exposições.
Do terceiro ao quinto andar, instalações da Biblioteca Nacional, como o Escritório de Direitos Autorais, a Divisão de Música e Arquivo, a Biblioteca Euclides da Cunha e o Programa Nacional de Apoio à Cultura, passam a funcionar. Já do sexto ao oitavo pavimento, serão ocupados pelo Centro de Documentação do Patrimônio e o Centro Lúcio Costa, ambos vinculados ao Iphan.
Os andares superiores, por sua vez, reservam espaço para mais atividades culturais e administrativas. No 12º andar, estão o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e a Cátedra Unesco da Fundação Casa Rui Barbosa. O 13º pavimento será destinado aos gabinetes do Ministério da Cultura (MinC). Os andares 14º e 15º terão salas multiuso para exposições e eventos artísticos, enquanto o terraço do 16º andar, que integra o projeto paisagístico de Burle Marx, será reaberto ao público com um café e área de convivência.
Incluído em 2021 em uma lista de imóveis federais que poderiam ser vendidos, o Palácio Capanema foi salvo graças à intervenção do governador do Rio, Claudio Castro, que garantiu sua preservação como espaço cultural. A reforma, inicialmente prevista para ser concluída em novembro, enfrentou atrasos devido a um déficit de mais de R$ 5 milhões acumulado desde julho.