Como as empresas e os profissionais podem inovar, segundo Carlos Alberto Júlio, CEO da Echos

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Colunista da rádio CBN e um dos fundadores da HSM, Carlos Alberto Júlio assumiu a posição de CEO do Laboratório de Inovação da Echos em meados de abril. Conversei com ele sobre como as empresas e os profissionais podem inovar nos negócios e na carreira neste momento que, praticamente, parou o Brasil e o mundo. O que você lerá a seguir, na verdade, é mais do que uma entrevista, mas uma verdadeira aula de empreendedorismo.

Como as empresas e os profissionais podem inovar nos negócios e na carreira neste momento de pandemia? É possível dar uma guinada?

Estamos vivendo um momento único na história da nossa civilização, e, em particular, no Brasil. Um momento em que precisamos tomar muitas decisões importantes. Nos confundimos e nos perdemos na ambiguidade da saúde versus a economia, pois, ambas podem nos matar: uma pela doença e outra pela fome ou depressão. Não temos a solução, mas podemos criar caminhos que encurtem as distâncias entre o hoje e o amanhã. No design, não escolhemos necessariamente um caminho em detrimento de outro. Muitas das vezes o que fazemos é criar um novo caminho, abrindo possibilidades através da colaboração das diversas descobertas que a metodologia nos apresenta.

Portanto, quero aqui apresentar uma reflexão que poderá nos ajudar a inovar durante o período da crise, em tese, não desperdiçá-la e fazermos dela um ponto de inflexão para correr atrás da mudança, da inovação que sempre colocamos de lado. Testar o novo, desafiar os paradigmas e os conceitos que nos paralisam, como o “sempre fizemos assim” ou “não vai dar certo”, podem ser os primeiros passos para transformar a crise num mar de oportunidades, de mudanças e de antecipar o futuro.

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Qual o melhor momento para a mudança, uma vez que a cada dia temos um novo cenário no Brasil e no mundo?

A Echos é uma Escola de Inovação e usamos o Design Thinking como metodologia para inovar e resolver problemas complexos. No design thinking dizemos que inovar é o futuro acontecendo hoje. O que está paralisando o seu negócio ou a sua carreira que pode e deve ser modificado já?

Esse futuro desejável sabemos, desde já, que não será o mesmo. O que você consegue prever de mudanças? Como será o seu mercado, os seus fornecedores e sua equipe de trabalho no pós crise? Que tal você fazer uma sessão de brainstorming com seus gerentes, seu pessoal mais engajado ou mesmo em casa com seu marido, esposa e filhos para projetarem esse novo normal?

Há inúmeras oportunidades. Muitas situações você pode estar vendo como problemas, mas poderiam ser pensadas e reinventadas já para os novos tempos:

1.       Tenho o time certo para o pós-crise? Meus talentos estão nos lugares certos para uma retomada mais vigorosa quando o mercado retomar a vida no novo normal?

2.       Quais são os gaps de habilidades ou competências que cada colaborador tem para ser a pessoa certa no lugar certo e que o isolamento nos dá a devida oportunidade de tempo para um reskilling ou upskilling?

3.  Estamos, individualmente e como negócio, 100% digitalizados? Somos uma empresa digital? Todas serão, e vencerá as batalhas aquelas que mais rapidamente adquirir essa cultura do Digital, dos processos e estratégias mais rápidas e baratas;

4.  Nossa proposta de valor aos nossos clientes é clara? Eles se sentem pagando por algo de valor? Lembre-se, preço não é valor. Valor é a percepção de utilidade muito maior que o preço nos indica;

5.  Nossos produtos, hoje e num futuro próximo, estão e estarão atendendo as necessidades dos nossos clientes? Somos relevantes na vida deles ou nos seus negócios quando operamos B2B?

6.  Enquanto organização, somos eficientes ou ainda carregamos muitos gargalos e custos injustos pelos quais queremos repassá-los aos nossos clientes? Como operar com mais simplicidade, leveza e eficiência?

7.  Nosso portfólio de produtos ou serviços são suficientes para crescermos? São escaláveis para aproveitar as oportunidades de mercado que nossos concorrentes que irão à falência com a crise nos deixaram?

8.  Nossa logística evoluiu com os aprendizados do isolamento ou seguimos no modelo anterior, sem ir atrás dos clientes, sem facilitar suas compras e entregas?

9.  Quais as mudanças na nossa comunicação que funcionaram na crise e como elas nos guiarão no novo normal do pós crise? Uma das coisas que a crise nos ensinou é que no mundo digital, tão importante quanto encontrar o cliente é sermos encontrados por eles.

10. Que estratégias O2O (Online-To-Offline) você criará? Sim, o mundo será daqueles que souberem, com tecnologia e muita empatia, somar os benefícios dos mundos digitais, da internet com as necessidades logísticas do mundo offline, do toque pessoal do atendimento, da entrega rápida e barata.

Enfim, temos ou não grandes oportunidades?

O que realmente pode ser feito em termos de gestão e inovação neste período?

Talvez uma boa listinha para começar seja a seguinte:

1. Ainda que remotamente, via plataforma web, reúna suas melhores cabeças e as estimule a “criar na crise”.

2. Não fale da crise e suas dificuldades. Pergunte: o que estamos descobrindo de bom nestes tempos?

3. Quais dessas descobertas devem transformar-se em novos produtos, serviços ou processos?

4. Vamos desenhá-los? Vamos precificá-los? Que tal protótipos prontos para serem lançados ao mercado mesmo que sejam MVPs (Produtos Viáveis Mínimos)?

5. Como vamos nos apresentar ao mercado durante e após crise? Parceiros de verdade ou mero oportunistas? Nos preocupamos verdadeiramente com o nosso ecossistema?

6. Será que precisamos esperar o fim da crise para lançar esses novos produtos, conceitos e serviços ou eles já podem ajudar os clientes desde já?

7. Coloque tempo para tarefas. Se dominar a metodologia, abra alguns sprints e os acompanhe pelas ferramentas tecnológicas já existentes, como o Trello e afins.

Não, não desperdice a crise! Se seu concorrente pode fazê-lo, por que você não?

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Renata Granchi
Renata Granchi é jornalista e publicitária com mestrado em psicologia. Passou pela TV Manchete, TV Globo, Record TV, TV Escola e Jornal do Brasil. Escreveu dois livros didáticos e atualmente é diretora do Diário do Rio. Em paralelo, presta consultoria em comunicação e marketing para empresas do trade.
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