A Unidos da Tijuca, abriu nesta segunda- (03/3) a 2° noite de desfiles na Sapucaí. A agremiação da Tijuca, leva para a avenida o enredo “Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita”, uma homenagem ao orixá filho de Oxum e Oxóssi.
O tema, assinado pelo carnavalesco Edson Pereira em sua estreia na escola, explora a história da divindade conhecida como “príncipe dos orixás”, cultuada nas religiões de matriz africana.
Segundo a tradição iorubá, Logun-Edé herda de sua mãe, Oxum, a relação com a pesca e a água doce, enquanto de seu pai, Oxóssi, carrega os laços com a caça e as florestas. A escolha do enredo não foi por acaso. Fundada em 1931, na Rua São Miguel, a Tijuca carrega em seu nome e identidade fortes conexões com o orixá. No sincretismo religioso, a rua faz referência a Logun-Edé. Além disso, as cores do pavilhão da escola, amarelo e azul, são as mesmas da divindade, que também tem como símbolo o pavão, assim como a agremiação.
“Fiz uma pesquisa extensa para saber como conjugar esse orixá à história da escola e descobrimos muitas coisas que parecem coincidências, mas que são fatos”, afirma Edson Pereira, em entrevista a Agência Brasil.
O samba-enredo deste ano também traz um nome de peso entre os compositores: Anitta. A cantora, que tem Logun-Edé como seu orixá de cabeça, participa da criação da trilha que promete embalar o desfile tijucano na avenida.
A Unidos da Tijuca busca reconquistar o título que não vence desde 2014, quando levou para a Sapucaí o enredo “Acelera, Tijuca!”, em homenagem a Ayrton Senna. A escola também foi campeã em 2010, com “É Segredo!”, e em 2012, com “O Dia em que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão”.

Confira o samba enredo
Confira a letra do samba:
Reflete o espelho… Orisun
Nas águas de Oxum
À luz de Orunmilá
Magia que desaguou na ribeira
E fez o caçador se encantar
Sou eu, sou eu
Príncipe nascido desse grande amor
Herdeiro da bravura e da beleza
É da minha natureza a dualidade e o fulgor
De tudo que aprendi, o todo que reuni
Fez imbatível a força do meu axé
Com brilho imenso, desafio o consenso, inquieto e intenso
Sou Logum Edé
Oakofaê, odoiá
Oakofaê, desbravei o mar
Não ando sozinho montei no cavalo marinho
Abri caminho pro povo de Ijexá
E no rufar dos Ilus meu tambor
A fé no Kale Bokum assentou
A proteção de meus pais, ofás e abebés
Sou a Tijuca e seus candomblés
Um lindo leque se abriu, ori do meu pavilhão
Amarelo ouro e azul pavão
Orixá menino que velho respeita
Recebi sentença de pai Oxalá
Eu não descanso depois da missão cumprida
A minha sina é recomeçar
Logun edé
Logum arô
Logun edé loci loci Logun arô
A juventude do Borel
Desce o morro pra cantar em seu louvor