Por decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM), a gestão financeira do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) terá temporariamente um intervenção, com o afastamento de diretores durante o período de apuração de supostas irregularidades. Segundo informações do jornalista Lauro Jardim, a medida foi anunciada após uma auditoria iniciada no começo do ano e visa investigar questões como gestão temerária, ausência de licitação em contratos e possíveis atos de improbidade administrativa.
A intervenção ocorre em um momento de tensão entre o Cremerj e o CFM. A autarquia fluminense, que vem enfrentando auditorias rigorosas, sustenta que suas contas estão em dia e que possui cerca de R$ 20 milhões em caixa, refutando a alegação de problemas financeiros. Por outro lado, a percepção nos bastidores é de que a medida tem motivações políticas, especialmente devido à presença no CFM de Raphael Câmara, conselheiro federal e ex-membro do governo Bolsonaro. Câmara, que tentou presidir o Cremerj sem sucesso, seria um dos nomes ligados à pressão por essa investigação, embora ele não seja o responsável direto pelas decisões de corregedoria.
A gestão do Cremerj, por sua vez, está em rota de colisão com o CFM. Desde o início do ano, a autarquia fluminense tem procurado a Procuradoria Geral da República (PGR) e o Ministério Público Federal (MPF), apresentando documentos que indicam uma possível retaliação política. Em um dos registros encaminhados ao MPF, mensagens de WhatsApp mostram Câmara antecipando, já em janeiro, que a auditoria levaria à intervenção no Cremerj, o que alimenta a tese de uma articulação política. O Cremerj, em suas manifestações, classifica essas ações como abusivas e sem fundamentos, apontando que a auditoria e a intervenção seriam um reflexo de um “ataque infundado”.
Em resposta, o CFM afirma que ainda não há uma decisão oficial e pública sobre a intervenção, e que a auditoria está em curso para assegurar a regularidade e a transparência da gestão do Cremerj. O Conselho Regional de Medicina do Rio, em sua defesa, reforça seu compromisso com a transparência, destacando que todas as contratações realizadas estão publicadas no Portal da Transparência. Além disso, a autarquia fluminense alega que tem agido de forma autônoma, criticando o que vê como uma crescente partidarização nos Conselhos de Medicina e se posicionando contra os “ataques infundados” que considera estar sofrendo.