Controladora da Universidade Santa Úrsula, em Botafogo, tem despejo decretado em MG

A dívida de alugueis chegaria a impressionantes 7 milhões de reais; empresa estaria interessada em comprar outra Universidade no Rio

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Foto: Reprodução/Redes Sociais

A justiça mineira determinou o despejo de uma Faculdade por falta de pagamento de aluguéis do prédio onde funcionava, em Paracatu, Minas Gerais. A dívida é milionária. A faculdade Finom faz parte do grupo empresarial controlado pelo ex-prefeito Ruy Muniz, empresário do ramo educacional e de saúde, que atualmente gerencia e e assumiu o controle da tradicional Universidade Santa Ursula (USU), em Botafogo. O empresário é o dono da Sociedade Educativa do Brasil (Soebras), que, segundo informações do mercado educacional, estaria interessado na aquisição de outra grande universidade carioca. Agora, Ruy e sua esposa, a ex-deputada federal Tânia Raquel de Queiroz Muniz, são também réus no processo de despejo por serem os fiadores da locação inadimplente.  Tânia ficou conhecida por elogiar seu marido durante seu voto pelo impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.

A defesa da empresa Única Educacional, empresa administrada por Ruy, afirmou que devido a pandemia do Corona vírus os ganhos da faculdade Finom foram reduzidos. Segundo informações, a faculdade chegou a pedir uma redução nos valores da locação, em 80%, a partir de de 1º de março do ano passado. Mas, não teriam conseguido provar essa perda no faturamento; além disso, segundo especialistas em direito imobiliário consultados pelo DIÁRIO, a eventual diminuição de lucros não é garantia de que o proprietário do imóvel seja obrigado a baixar seu aluguel. A sentença pondera ainda que durante a pandemia a faculdade abriu cursos online e não reduziu o valor das mensalidades pagas pelos estudantes.

Marilda Marlei, advogada de Montes Claros que representa a empresa Única Educacional, que adquiriu a Faculdade FINOM e posteriormente a repassou à carioca Associação Universitária Santa Úrsula, afirmou, ao Paracatu News, que a instituição irá recorrer da sentença junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais e que “não concorda com os valores cobrados.” Acrescentou ainda que “os alunos podem ficar tranquilos.”

A vida de Ruy Muniz

Ruy Adriano Borges Muniz começou sua vida pública em 1987, quando lançou-se candidato a deputado estadual, por Minas Gerais, e no ano seguinte ficou conhecido por um famoso roubo ao Banco do Brasil junto com um funcionário da instituição, Setembrino Lopes. Segundo o jornal mineiro O Tempo, ambos arquitetaram um golpe que resultou no desfalque de R$1 milhão de reais, em valores de 2008, dos cofres públicos. Ele ficou pouco mais de um ano preso no DOPS e depois de cumprir pena, retornou a Montes Claros. Na ocasião, o deputado teria explicaro que sua ação teria sido “em favor da resistência à ditadura militar”.

Em 1997 integrou-se à direção da Soebras – Associação Educativa do Brasil. Posteriormente, em 2008, foi investigado pela Polícia Federal, acusado de desviar 100 milhões de reais em suposto esquema da Soebras com possíveis ramificações em 22 estados. Muniz teria utilizado a entidade, dirigida por ele e seus familiares, para desviar recursos públicos, fraudar licitações e cometer crimes.

Em 2004 voltou à militância política e foi eleito vereador na cidade de Montes Claros com 4.026 votos. E em 2006 foi candidato a deputado Estadual e venceu as eleições com quase 50 mil votos em várias cidades do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. Em 2007 assumiu uma cadeira no Legislativo Mineiro. Em 2008 candidatou-se a prefeito de Montes Claros e obteve 36 mil votos.

Em 2009 foi eleito líder dos Democratas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática. Em 2010 candidatou-se a deputado federal pelo Democratas, obtendo aproximadamente 53 mil votos e ficando na quarta suplência do partido, no ano em que concluiu o mandato de deputado estadual.

Em 2012 deixou o Democratas e filiou-se ao partido o qual é o presidente regional, o PRB. E neste mesmo ano, seus negócios encontraram o caminho do Rio de Janeiro, pois em 2012 ele passou a ser o controlador da tradicional Universidade Santa Úrsula, que estava fechada por problemas financeiros, assumindo as dívidas da instituição e prometendo recuperar a universidade em tempo hábil. Por causa desta mesma Universidade, em 2013 foi indiciado pela CPI das Universidades Privadas no Rio de Janeiro, junto com outros 5 proprietários de Universidades, acusados de aumento abusivo nas mensalidades, atraso de salário de professores e suposta venda de diplomas. eleitorais. Segundo o G1, ele chegou a ter seus bens indisponíveis, como resultado de uma ação do Ministério Público Federal, em 2016. Segundo o MPF, uma investigação revelara que o casal seria o real administrador do grupo Soebras, mas não se configurariam como gestores em nenhum contrato social. “Eles utilizam as receitas dessas instituições – que, por lei, não poderiam distribuir lucros – para benefício próprio e de sua família”, disse ao G1 o MPF, na ocasião.

Em agora, em 2022, Ruy tem novamente problemas com a Justiça. O investidor e administrador da Universidade Santa Ursula, está sendo acusado de dever mais de R$7 milhões em aluguéis de imóveis locados à outra de suas controladas, a empresa Centro Brasileiro de Educação e Cultura Ltda, gestora da Finom.

Atualização – 22 de julho de 2022 – 18h40

Por meio de nota oficial enviada ao DIÁRIO DO RIO, a Universidade Santa Úrsula se manifestou sobre o assunto. Confira abaixo, na íntegra:

”A Universidade Santa Úrsula (USU) é uma instituição católica fundada no Rio de Janeiro, em 1939, por religiosas da União Romana da Ordem de Santa Úrsula. Há mais de 80 anos, a Universidade Santa Úrsula é, dentro de sua vocação apostólica, personagem ativa de seu tempo, participando de modo saudável e efetivo do futuro das gerações vindouras.

A USU é uma instituição de ensino mantida pela Associação Universitária Santa Úrsula, com sede no Rio de Janeiro, devidamente constituída na forma de seu Estatuto.

A USU esclarece que não tem relação com a instituição de ensino FINOM de Paracatu/MG tratada na matéria veiculada; não é parte no Contrato de Locação que deu azo à propositura da referida Ação de Despejo e, tampouco, é parte da ação que ocasionou tal medida.

Portanto, a referida decisão que decretou despejo da Faculdade FINOM em Paracatu/MG não é extensiva à USU e a ela não produz efeitos.”

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