Crítica: A Partida – O que interessa é a chegada

Claudia Chaves faz a crítica teatral da peça ''A Partida''

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Inez Viana e Denise Stutz - Foto: Clara Trevia

Mulheres conversam aos jorros. Não escondem os sentimentos, se revelam, desvelam. Choram, riem. Trocam, divergem, convergem. Mas nada verdade, todas Penélopes são tecedeiras confessionais. É na capacidade de se expor, de se mostrar que vem essa capacidade de mar. De se comprometer. É a partir de um fato real que três mulheres constroem uma dramaturgia em A Partida.

A Partida é uma peça com todos os ingredientes do que convencionamos chamar de teatro. Com idealização de Denise Stutz, a peça tem dramaturgia de Inez Viana e direção de Débora Lamm. Juntas em cena, Denise e Inez – amigas e parceiras de muitos projetos teatrais – vivem artistas que vão criar uma peça, inspiradas pela em uma carta nunca enviada: a mãe de uma delas , após assistir a ”O Partido”, resolve romper com o par 30 anos mais novo.

Sentadas em uma plateia, com foco apenas nas atrizes em plano total, elas começam a falar de como será a peça que estão montando. Metalinguagem baseada em inversão – atrizes ocupando o lugar dos espectadores – vão desfiando o que vai acontecer, funcionando como as notas rubricas que acompanham os textos para orientar direção, atores.

Joga-se com um possível realismo que está na interpretação, pois conversam com toda naturalidade e intimidade. Clima que é reforçado pelo figurino totalmente despojado e cotidiano. E falam da carta, de como serão as cenas, apontam sentimentos, descrevem o que vai ser com o poder da voz e do texto para desenhar um real que está ausente. Como ausente estão todos e só as duas estão presentes preenchendo os espaços de um teatro: plateia e palco ao mesmo tempo.

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Aos poucos se percebe que não se fala de um texto específico. Há o debruçar sobre os fatos de 99, o último ano de um século trepidante, no qual vida e morte foram absolutos como condutores dos extremos das vidas. Um futuro que não se sabe do qual se imagina que nem acontecerá. É o limiar do que vai acontecer, de se acabar uma relação, da mudança de milénio e de uma peça a ser criada/montada que se faz A Partida. Tal qual acontece conosco todas as manhãs. Partiu geral.

SERVIÇO

  • Até quando: 27 de junho (domingo)
  • Dias e Horários: Sexta a domingo, às 19h
  • Transmissão: YouTube Sesc RJ
  • Gratuito

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Nota
Texto
Direção
Interpretação
Cenário, Figurino
Jornalista, publicitária, professora universitária de Comunicação, Doutora em Literatura, Bacharel em Direito, gestora cultural e de marcas. Mãe do João e do Chico, avó da Rosa e do Nuno. Com os olhos e os ouvidos sempre ligados no mundo e um nariz arrebitado que não abaixa por nada.
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