Crítica de Teatro: Cora do Rio Vermelho – A poesia em águas plácidas

Com o cenário repleto de objetos que retratam fielmente o ambiente de um casa de interior, com o enorme espaço ocupado pela mesa, Raquel de forma direta e carinhosa começa mostrando  a história de Cora como menina, seus impasses angustiados de não alcançar os padrões da família

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Foto: Divulgação

A vida no Brasil Profundo corre de outro jeito. Tem sempre um rio, plácido, que cruza a cidade, que divide os locais, junta as pessoas, concentra as brincadeiras. O rio cria os laços e embala a vida que segue. As mulheres, voltadas para as atividades dentro de casa, vêm no rio seu destino, seu caminho, a mudança. Mas há sempre quem veja além disso, quem se acolhe na imaginação para criar novos destinos para rio. Assim fez a artista Cora Coralina. Assim Raquel Penner criou o espetáculo Cora do Rio Vermelho.

Com o cenário repleto de objetos que retratam fielmente o ambiente de um casa de interior, com o enorme espaço ocupado pela mesa, Raquel de forma direta e carinhosa começa mostrando  a história de Cora como menina, seus impasses angustiados de não alcançar os padrões da família. Mas Cora é uma pequena Pangloss, o personagem de Voltaire que sempre dizia que existe o melhor dos mundos e com isso, de forma doce, no sentimento e no tacho, constrói a extraordinária visão de mundo.

A dramaturgia de Leonardo Simões  consegue de forma equilibrada fazer um bela edição dos textos de Cora, de seus poemas, de seus inúmeros achismo o que provoca o interesse pela personagem, aparentemente tão simples, mas complexa na maneira apaixonada e positiva de encarar o mundo. A direção de Isaac Bernat elimina qualquer maneirismo, qualquer caricatura que pudesse se  pensar em uma roceira fora da curva. O texto, a direção e a interpretação de Raquel nos mostra uma Cora Coralina vibrante, com humor, assertiva.

Há que se recuperar a biografia de Cora, nascida Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que viveu  as mudanças do  século 19 para o Século 20 (1889-1885)  estabeleceu-se  como doceira,  vigiando o tempo  dos doces, o calor do fogo enquanto aquecia a alma e o coração dos leitores com os seus versos. Cora do Rio Vermelho é um mergulho em um rio de águas claras e mansas, das quais saímos revigorados de ver que é no simples, no banal que está a grandeza da vida.

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Serviço

Teatro Poeirinha: Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
Quinta a Sábado, às 21h
Domingo, às 19h.
Redes: Instagram: @coradoriovermelho
Youtube: https://m.youtube.com/channel/UCayoCIzVQl0-CIpQPVRYzrQ

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Jornalista, publicitária, professora universitária de Comunicação, Doutora em Literatura, Bacharel em Direito, gestora cultural e de marcas. Mãe do João e do Chico, avó da Rosa e do Nuno. Com os olhos e os ouvidos sempre ligados no mundo e um nariz arrebitado que não abaixa por nada.
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