Crítica gastronômica: BistrOgro – O homem certo no lugar certo

'BistrOgro, de Jimmy McManis, aquele chefe que de ogro não tem nada, carisma em pessoa'

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Um lugar histórico que mistura um prédio moderno de Oscar Niemeyer com os jardins centenários do Palácio do Catete, um hotel agora transformado em residência para estudante, com uma casa de samba no térreo, um edifício art-déco de 1938 e uma ladeira que sobe praticamente para o céu. São 50 metros em que se pode ver toda a história do Rio no século passado. Mas, se depara com uma super simpática escultura de um porco, daqueles lindinhos. Chega a mais nova empreitada do pedaço, BistrOgro, de Jimmy McManis, aquele chefe que de ogro não tem nada, carisma em pessoa.

Saber como surgiu o BistrOgro, enquanto se comem as entradas e tomam-se os drinques, já é percorrer a história da gastronomia aqui do Rio. Nelson Almeida, empreendedor/gestor é herdeiro direto de seu padrasto de Ribamar Aragão, o barman que começa no Antonio’s e funda casas emblemáticas na cidade: The Fox, Lynx, Alcaparra, Alho e Óleo, Aspargus e Empório Santa Fé (onde funciona o bistrô). Frequentadas por “todo mundo”, serviço clássico e com boa cozinha. Nelson começa a sonhar com uma Casa do Porco no Rio, com o mesmo padrão dos restaurantes onde começou a sua carreira. Um amigo o aproxima de Jimmy, que por coincidências das coincidências, tinha se mudado para o Edifício Santo Fé. Agora, o resto é história.

Para dizer a que viemos, comemos o Pastel de pulled pork com barbecue de café (4 unidades – R$ 36), a carne defumada, preparada lentamente e desfiada, temperada e que excede como recheio ao próprio pastel. O Ceviche de mignon suíno assado com batata chips (R$42) vem   exatamente como é o prato original: batata doce, milho, cebola roxa para se mergulhar o crocante correto leite de tigre – o marinado de limão e os temperos para “cozinhar” o peixe. E fomos em frente com as frituras Bolinho de feijoada (4 unidades R$ 36), Croquete de pulled pork (4 unidades – R$ 36), Torresmo de barriga com ketchup de abacaxi (46unidades R$ 42). Todas no ponto certo, com as lembranças de mistura americana de doce com salgado. Afinal, Jimmy é meio americano. E no bolinho de feijoada, a couve está crocante assim como é a casca do torresmo.

Os pratos principais são releituras de clássicos nacionais e internacionais com base de outras proteínas. As porções são bem apresentadas, na quantidade que satisfaz bem, na louça branca e todas imersas na mistura de temperos, pápricas de todos os jeitos (Jimmy é um cultor de páprica), caldos. O OGROulash com purê de batata com alho assado (R$ 64) é a versão do prato eslavo, com o porco macio, em que se mistura o caldo e a carne no purê e se come com uma bocada. O porc au vin, inspirado no clássico braseado francês, aqui é preparado com filé mignon suíno cozido no vinho com bacon, legumes e cogumelos (R$ 64).

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E aí chega à surpresa da noite: Moqueca de porco com farofa do Ogro e arroz branco (R$ 64). O coentro que enfeita o prato tem o leve sabor, pimentões, cebola, tomate no caldo azeitado, mas sem leite de coco que concordamos que nada combina com o porco. Finalizamos com Arroz Caldozo de costelinha suína desfiado (R$ 54). Assim como Jimmy, preferimos o arroz comum ao arbóreo e como diz a colega de trabalho de Jimmy, Ana Maria Braga, é de comer ajoelhado. Bem temperado, o arroz macio e nada empapado. Comemos de colher. Aliás sugerimos que se faça assim em todos os pratos, porque podem-se misturar todos os ingredientes, a colher ampara o caldo e temos uma festa de sabores.

Ficamos conversando sobre como foi a mudança de restaurantes no Rio no final do Século XX. Como era o gosto – e incluímos relembrar os pratos do Alcaparra do qual está no cardápio Ravioli Santa Claus (Ricota, amêndoas, damasco, figos secos, figos em calda, passas brancas e nozes,).

A carta de vinhos foi criada por Fernando Lima assim como a harmonização e os drinques autorais da mixologista Francesca Sanci, Entrée – Rum branco, triple sec, água de coco, limão e sorbet de limão siciliano; Ogrow Mule – Vodka, xarope de gengibre, limão, espuma de goiaba com crocante de parma; Café da fazenda -Cachaça envelhecida, coldbrew, caramelo salgado e abacaxi.; todos com o mesmo valor, R$30, ajudam a conversa a ficar fluente e aos sabores ficarem aguçados. Em uma área histórica, revivem-se momentos importantes, experimentam-se novidades e vira um ótimo programa após o Teatro Prudential ali ao lado.


Ambiente ****

Comida ****

Relação custo/benefício – *****

Serviço : *****

Endereço: Praia do Flamengo, 2. 2135-6487 (100 lugares). 12h/1h (seg. e ter. até 17h). Entrega pelo iFood

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Jornalista, publicitária, professora universitária de Comunicação, Doutora em Literatura, Bacharel em Direito, gestora cultural e de marcas. Mãe do João e do Chico, avó da Rosa e do Nuno. Com os olhos e os ouvidos sempre ligados no mundo e um nariz arrebitado que não abaixa por nada.
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