Crítica: udy – o arco-íris é aqui – Não existe melhor lugar do que o teatro

A peça tem uma estrutura dramatúrgica muito interessante porque, ao contrário do que se vê normalmente, não é uma biografia  interpretada mimeticamente por uma atriz, que se “transmuta” na homenageada

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Além do arco-íris, a canção tema de O Mágico de Oz, os sapatinhos vermelhos, o Leão, o Espantalho, o Homem de Lata e a frase “Não existe melhor lugar que a nossa casa”, 83 anos ainda nos emocionam. A vida de sua atriz protagonista Judy Garland, com o seu desespero,  a sua dor em contraste ao seu talento e ao seu sucesso ainda são atualíssimos quando se fala da dificuldades dos artistas de viverem a vida cotidiana. Tudo isso está em Judy – o arco-íris é aqui”, com texto e direção de Flavio Marinho.

A peça tem uma estrutura dramatúrgica muito interessante porque, ao contrário do que se vê normalmente, não é uma biografia  interpretada mimeticamente por uma atriz, que se “transmuta” na homenageada. Em Judy, aparentemente um show no qual Luciana conversa  informalmente e canta uma playlist impecácel, o que temos é um fluxo de consciência de primeira, no qual estão incluídas as alegrias, os episódios, os impasses, as dificuldades da própria Luciana.

Esse forma de encenar  é ótima porque, ao contrário do drama rasgado que seria possível por causa da vida de Judy, o que temos é uma artista abrindo o seu coração e mente. Isso tudo com uma leveza, com um texto, com um encadeamento, que nos  deixa com alma apaziguada pelos pontos de contato que encontramos. O que vemos ali é gente de carne e osso, por isso rimos, sorrimos, temos sobressaltos, rola uma lágrima, mas fica a força da catarse que só o bom teatro provoca.

O criador, autor, diretor como Flávio Marinho é chamado por Luciana compõe uma elegia, uma homenagem, um presentaço a que ama a boa música, aprecia boas histórias e quer ir ao teatro para ver  algo que nos toque, mas que nos leve a refletir. Flávio acerta em tudo, pois é praticamente um ourives, um artesão cuidadoso na escolha das palavras. Agora as músicas, interpretadas por Luciana de forma muito correta, são uma nota a parte. Nota mil porque é o melhor da música americana da primeira metade do século passado.

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As mudanças de figurino, a maneira de contar os episódios levam a Luciana compor o percurso da vida das mulheres, normalmente dificílimo. De menina que encanta a família, os conflitos com a mãe, a carreira, o casamento que desanda, o amor pelas filhas nos mostram que  Judy está lá. Ladeada pela covardia (do Leão), pela falta de afeto (do Homem de Lata), pela necessidade do cérebro( do Espantalho)  , Judy/ Luciana/plateia ultrapassam  todas as dificuldades e nesses 90 minutos recebemos coragem, amor e inteligência.

Serviço:
Teatro Vannucci
Sextas e Sábados às 21 h
Domingos às 20 h

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Jornalista, publicitária, professora universitária de Comunicação, Doutora em Literatura, Bacharel em Direito, gestora cultural e de marcas. Mãe do João e do Chico, avó da Rosa e do Nuno. Com os olhos e os ouvidos sempre ligados no mundo e um nariz arrebitado que não abaixa por nada.
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