
Carnaval é compromisso com um estado de espírito despreocupado, que bebe o que quer beber, come o que dá para comer, curte as ondas que vêm e vão, e que ignora as bobagens dos dias, as importunações de outrora. É esquecer de tudo e só lembrar de algumas coisas, depois da quarta de cinzas.
Carnaval é compromisso. É pensar e elaborar fantasias semanas antes da folia pré-começar. Tem que bater perna pela cidade procurando os adereços, mínimos que sejam, para estar pronto para esse acontecimento.
Carnaval é compromisso. É organizar os amigos, as listas de blocos, os pontos de encontro. Mas sem exagerar nas regras e controles. Ninguém merece tanta ordem. Obrigação demais? Não, obrigado.
Carnaval é compromisso. É acordar cedo, pegar a lista de blocos e ir seguindo um por um, principalmente os não programados e terminar o dia na Sapucaí vendo o Maior Show da Terra, feito pelas escolas de samba que anto nos ensinam.
Falando em escolas de samba, Carnaval é compromisso demais. As agremiações geram milhares de empregos diretos e indiretos e movimentam a economia das comunidades e de toda a cidade e partes do estado. Fora a alegria, autoestima e realizações alcançadas.
Carnaval também é compromisso com o descompromisso. É evidente que temos que destacar a importância econômica da festa para todos, no entanto, é fundamental sempre lembrarmos do fator sociocultural que nos forma e redime e de que é época de inverter as lógicas formais do dia-dia e vestir o mundo de outro jeito, o despindo do de sempre. Carnaval não é a fantasia. É a realidade. Fantasia é o que vivemos no restante do ano. É hora de sermos o que somos — ou gostaríamos de ser.
Carnaval é compromisso com nós mesmos, como indivíduos e sociedade no Rio de Janeiro, no Brasil, no mundo. É o que nos forma, deforma e segue precisando ser aceito, compreendido, acertado e vivido. É a vida como ela é ou como deveria ser.