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Dani Monteiro: O Rio precisa dar um basta à revista vexatória no sistema prisional

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O que ocorre durante as visitas de familiares aos detentos nos sistemas prisional e educativo do Rio de Janeiro é um problema que diz respeito a todos nós. Após audiência pública em que a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj reuniu representantes do Ministério Público, das Defensorias Públicas do Estado e da União para ouvir relatos de movimentos ligados a familiares de pessoas privadas de liberdade, está claro que precisamos ir direto ao ponto e com urgência.

Segundo o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (MEPCT/RJ), as denúncias de revistas vexatórias nas unidades prisionais se intensificaram a partir de dezembro de 2021, e as violações não são pontuais. A revista íntima é prática proibida em nosso estado pela lei Lei 7.010, de 2015, cujo texto não poderia ser mais claro: todo visitante deverá ser revistado de forma mecânica, por meio de scanners corporais e outros dispositivos eletrônicos. Na realidade, faltam equipamentos adequados e há escassez de profissionais treinados para evitar tal prática, que, pelo que chega até nós, tampouco se limita à capital. Não há município imune.

Dados do Núcleo do Sistema Penitenciário da Defensoria Pública do Estado reforçam os levantamentos do Mecanismo e os depoimentos dos familiares. De acordo com o órgão, além do aumento recente no número de denúncias de revista vexatória – sobre o que a Seap deveria se pronunciar -, há ainda um sem número de outros tratamentos degradantes, ora é o remédio, ora é o item de higiene pessoal, que mesmo levado pela família, não chega ao parente encarcerado. Ninguém sabe onde foi parar, ninguém viu, ninguém ousa perguntar.

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As violações podem ser ainda mais numerosas, sustenta Eliene Vieira, da Frente Estadual pelo Desencarceramento do Rio de Janeiro. Segundo ela, o medo de retaliação faz muitos familiares optarem pelo silêncio. Na prática insana e virulenta das unidades prisionais, os policiais penais violam direitos das famílias, que temem pela segurança dos seus. Se as vítimas não se identificam porque estão acuadas, é difícil apurar e confirmar as denúncias, ponderou a Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Sistema Prisional e Direitos Humanos, também representada na audiência do último dia 7.

Justificativas à parte, o que sabemos é que nenhuma das pessoas hoje privadas de liberdade está lá por acaso. E quando suas famílias são violadas, há o risco de se romper o único vínculo e possibilidade real de proteção e afeto que os encarcerados dispõem. Se é esse o nosso projeto de sociedade, precisamos reavaliar suas consequências. No fim, ninguém vai ganhar com esse modelo que vítima pobres e extermina pretos.

*Dani Monteiro é deputada estadual (Psol) e presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj

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Dani Monteiro

Dani Monteiro é deputada estadual (Psol), presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, presidiu a Comissão Especial da Juventude, uma de suas principais bandeiras

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Ver comentários

  • Impressionante que NADA que saia da boca de um PSOLento é algo bom para a moralidade da sociedade. O preso não está numa colônia de férias. Na antiguidade, estaria morto: na modernidade, inventaram a prisão por tempo - que só criou custos para a sociedade e não trouxe a contrapartida da “regeneração” dos criminosos.

    Agora vem a deputada aí do PSOL e quer com essa conversa mole relaxar ainda mais pros presos e seus familiares?! Necas de pitibiriba.

    Os familiares dos presos ainda têm o privilégio de verem seus parentes presos. E as vítimas assassinadas, por exemplo? Seus familiares só podem visitar os túmulos.

    Pro inferno com isso! Textos assim devem ser ridicularizados no nascedouro e nem discutidos de tão indecentes que são.

  • Pessoa privada de liberdade sou eu, que tenho de me preocupar aonde ir ou não ir; Me preocupar com a hora que saio e volto pra casa; Me preocupar com a rua que entro pra não ser baleado.
    Quem está na cadeia está PRESO e assim tem que ser e sequer deveria receber visitas e quando recebesse, que fosse com contato através de um vidro, sem contato físico algum com o visitante.
    Porque a nobre representante não tem a mesma preocupação com as vítimas desses "pobres coitados", pais de família que tiveram suas vidas ceifadas por essas vítimas da sociedade?
    Me poupe!

  • Que artigo... "justificativas à parte".. sério isso?!? Só esqueceu de ver os anjinhos que estão na cadeia, como homicidas, estupradores e pedófilos... significa que a nobre vereadora é em favor desses indivíduos?!? Deixe seu recado aqui claramente para que possamos entender... está preocupada com a família do delinquente... e da vítima?!? Que não tem mais seu ente ou que sua filha foi estuprada?!? A senhora está preocupada?!? E pra essa propaganda vergonhosa de "vítimas pobres e extermina pretos" leiam o livro do Bene Barbosa "mentiram pra mim sobre o desarmamento" e vejam os dados, não de ONGs, mas do governo... e para a nobre vereadora... adote uns presidiários, leve pra sua casa estupradores, pedófilos e assassinos e nos mostre que eles são capazes de mudar, ok?!?

  • Esse artigo me parece como o "poste urinando no cachorro".
    "Pessoas privadas de liberdade"? O que aconteceu para ser PRESA?
    E as muitas famílias que perdem a "liberdade eterna" de conviver com seus parentes assassinados por quem está "aprisionado"? Isso a parlamentar não se preocupa!!
    E os celulares e drogas que familiares tentam levar para dentro do presídio dentro de seus orifícios!!
    Não tem "scanner", e isso é uma realidade, mas querer CRIMINALIZAR a situação em defesa do PRESO, já é abusar muito da inteligência do eleitor.

  • No dia em que pararem de portar ilícitos em todos os orifícios podemos pensar nisso. Fora disso, é mais um ato esquerdista em defesa dos interesses de detentos e suas marmitas.