Dani Monteiro: Petrópolis, uma cidade sob escombros e sem respostas

'Sobre as incontáveis oportunidades que os governos, em todas as suas esferas, tiveram de prevenir e evitar as centenas de mortes de que já se tem notícia e continuam ocorrendo. Não basta lamentar, é preciso agir'

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Catástrofe, tragédia, desastre, devastação. A lista de termos possíveis para descrever o que ocorreu em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, é extensa. Mas há um termo em particular que define bem a razão da hecatombe que abateu a população da cidade, principalmente aqueles que vivem na periferia: descaso. E é sobre isso que vou falar aqui. Sobre as incontáveis oportunidades que os governos, em todas as suas esferas, tiveram de prevenir e evitar as centenas de mortes de que já se tem notícia e continuam ocorrendo. Não basta lamentar, é preciso agir.

Precisamos falar sobre segurança, sobre dignidade, sobre direitos garantidos e não cumpridos. Petrópolis chora, hoje, como também chorou em 1988, quando um temporal devastou famílias e causou 171 mortes. Com o que ocorreu lá atrás, ao que se vê, nenhuma lição foi aprendida. Não basta lamentar, é preciso agir. E essa ação é obrigatoriamente de todos nós.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj está na cidade desde o dia em que a tempestade caiu e levou centenas de vidas barrancos abaixo. A conta das mortes não para de crescer. Famílias inteiras foram destroçadas e o cenário é de escassez: falta logística para fazer com que donativos e alimentos cheguem ao seu destino; não há comunicação centralizada, o que deixa a população à mercê, inclusive, de boatos e notícias falsas. Os dados sobre mortos são pouco confiáveis e pouco ou nada se sabe sobre os feridos.Não bastasse, por conta do perfil militarizado da gestão da crise na cidade (estão lá efetivos da Coordenadoria de Recursos Especiais, do Choque, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia do Exército), moradores já fragilizados e voluntários queixam-se de trato frequentemente truculento, do excesso de armas em vez de acolhimento, água e comida para os desabrigados.

A tragédia ocorrida em Petrópolis tem muito a nos revelar. A cidade está nitidamente mais destruída nas periferias. Há regiões da cidade incomunicáveis, e os desaparecidos são incontáveis. Pelo visto, os impactos da enxurrada serão sentidos e vistos ainda por um longo tempo. A insegurança e a precariedade de hoje terão impactos muito mais à frente.

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Por que chegamos até aqui? Há responsabilidades a serem apuradas, há culpas a serem explicadas. Os governos federal, estadual e municipal têm, cada um, a sua parcela. Há muitas perguntas sobre as causas da tragédia. É preciso que as respostas venham e que as famílias sejam reparadas pelos erros que não são delas. Vamos combinar, ninguém vive em condição de evidente insegurança por opção, não sejamos hipócritas. Criminalizar a pobreza é cruel, é perverso, é desumano. Se não é a natureza que está contra nós, que os responsáveis pelo flagelo de uma cidade inteira sejam apontados, investigados e punidos Não há outro caminho para que todos consigamos sair dos escombros.

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1 COMENTÁRIO

  1. Jurava que Petrópolis tinha prefeito kkkkkkkkk… Haaaaa, você não falou pq ele é do seu partido, né?!? Vixi, com uma frase acabei com todo seu texto?!? Kkkkkkkkkk

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