Diário de um Padrasto: Contos de fadas as avessas!

Pedro do Livro questiona se certas narrativas infantis não deveriam ser revisadas criticamente

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As madrastas e padrastos estão presentes na literatura clássica infantil, mas você já parou para pensar, por que ambos são sempre considerados vilões ou maus? Essa narrativa não deveria ser revisada criticamente?

As madrastas são predominantes em todos os tipos de contos de fadas de todas as culturas. Quase todas as versões de Rapunzel trouxeram a figura da madrasta, como uma pessoa do mal. Cinderela, da mesma forma, frequentemente era  castigada, humilhada ou diminuída por sua madrasta, que concede tratamento inverso para suas filhas biológicas, recebendo mordomias e até mesmo aceitando seus comportamentos ruins.

Agora surpreso você vai ficar quando souber que na versão original de Branca de Neve, escrita na coleção de 1812 dos irmãos Grimm (que era para acadêmicos e colegas, não crianças), a rainha do mal era na verdade a própria mãe de Branca de Neve. Ela ansiava por uma criança branca como a neve, negra como ébano e vermelha como sangue, logo embora ela sentiu ciúme de sua própria filha e planejou matá-la.

Quando os irmãos Grimm estavam editando e revendo esses contos para crianças, a figura da mãe malvada foi posta de lado para uma madrasta, descaracterizando a obra e reforçando o estereótipo da madrasta como uma mulher vingativa, que por não ser mãe biológica faria mal a criança.

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É provável que os irmãos Grimm, não quisessem passar a ideia de que as mães podem ser más, cruéis e indignas de confiança, então, eles os substituíram por figuras que já eram desconfiadas, estranhas à casa, novas e desconhecidas, as madrastas pagaram e ainda pagam muito caro pela narrativa.

Os contos de fada formam opinião, mas também foram escritos dessa maneira por um pré conceito formado em uma sociedade machista e excludente, rever essa literatura é muito importante, uma boa prática seria reforçar seu papel afetivo em personagens de destaque, disputando uma narrativa que foi erradamente construída e que não ajuda a criação de laços afetivos, em arranjos familiares que fazem parte da realidade das famílias brasileiras.

Por fim gostaria de propor uma releitura dos clássicos, onde o amor não tenha cor, religião, gênero, e muito menos seja medido por questões meramente biológicas, mas sim pelo afeto, pelo carinho e por uma família que de fato seja guiada por esses sentimentos.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Muito bom ter vc produzindo material sobre assunto! Quase ninguém fala mesmo! E vc fala com emoção, com propriedade! Obrigada por compartilhar conosco sobre este universo tão importante! ?

  2. Muito bom! Pedro G. é um cidadão com boas práticas, além de escrever sobre temas relevantes como este.
    “Sejamos todos feministas!”
    Mas sejamos,sobretudo, todos sensíveis à melhoria da qualidade das relações sociais ,e o direito à literatura está no cerno dos direitos sociais.

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