A sessão desta terça-feira (6) na Câmara Municipal do Rio de Janeiro foi marcada por tensão, protestos e confrontos entre grupos com visões opostas. O motivo foi a primeira discussão do projeto de lei apresentado pelo vereador Dr. Rogério Amorim (PL), que prevê a obrigatoriedade de cartazes em hospitais da rede municipal com alertas sobre os riscos do aborto.
Com galerias lotadas, a proposta transformou o plenário em uma arena ideológica. Enquanto movimentos feministas e LGBTQIA+ protestavam contra o projeto, guardas municipais também ocupavam o espaço com outra pauta: a convocação de aprovados no concurso de 2012.
Durante a sessão, manifestantes entoaram gritos como “Se o papa fosse mulher, o aborto seria legal”, frase de uma música da banda Putinhas Aborteiras, e houve acusações diversas dirigidas ao autor da proposta. Vaiado em diversos momentos, Amorim respondeu com ironias. “Agora são 5 da tarde. Não deveriam estar trabalhando?”, provocou, arrancando risos de colegas de partido, como Rafael Satiê e Diego Faro, ambos do PL.
O vereador defendeu a proposta sob a justificativa de que oferece “informação científica” sobre possíveis consequências do aborto, como infertilidade, infecções e morte. Também rebateu críticas com um argumento recorrente: “O Estado é laico, não antirreligioso. Quando falam de Jesus aqui, ninguém reclama”.
A vereadora Thais Ferreira (PSOL) tentou encerrar a discussão por meio de verificação de quórum, mas a sessão seguiu com 17 parlamentares presentes. Ao encerrar sua fala, Amorim criticou o que chamou de tentativas de silenciamento: “Está difícil aprovar um simples papel”.
Ao deixar a tribuna, acenou para as galerias em meio a vaias e aplausos, simbolizando a polarização que marcou a tarde. O projeto ainda passará por outras etapas antes de eventual votação em plenário.