A crise que afeta os pequenos negócios no Centro do Rio de Janeiro, efeito do impacto da pandemia na economia, não foi capaz de parar trajetória de uma das floristas mais conhecidas da cidade. Cláudia Botelho, 72 anos de idade, trabalha no ramo (com trocadilho) há quatro décadas e viu esse tempo passar trilhando um caminho de consolidação da sua marca. Hoje, ela ocupa um tradicional ponto ali na Rua do Verde, perto do Largo da Carioca, mas o começo mesmo foi em barraquinhas de flores nas feiras livres da capital fluminense.
“Teve uma época que a gente atendia muito os clientes que nos contactavam por fax, hoje é tudo pelo whatsapp”, comenta destacando que foi justamente essa adaptação aos novos formatos de relacionamento com o público que manteve o movimento de vendas durante os picos mais severos de isolamento social. “A gente chegou até a aumentar os pedidos de areia ao fornecedor”, lembra, “acho que por estarem mais tempo em casa, algumas pessoas decidiram cuidar um pouco mais das suas plantas e outras começaram a cultivar seus jardins.”
Não foi um período fácil para ninguém, mas Cláudia Botelho conta que tentou manter o otimismo e conseguiu superar os ciclos mais difíceis desse momento sem demitir ninguém do seu quadro de funcionários.
Dona Cláudia entrou no negócio de venda de flores e plantas ornamentais por opção. Ainda durante sua graduação em direito, por volta de 1982, decidiu que iria concentrar energia no próprio empreendimento para ter mais liberdade, autonomia e tempo.
“Eu cheguei a trabalhar em algumas multinacionais, mas queria tempo para ficar com as minhas filhas pequenas”, sublinha. “Uma vez um professor (na faculdade) tentou me diminuir, como se vender flores na feira fosse uma coisa menor”, puxou na memória, “eu lembro que respondi que aquilo vinha dando era certo, porque quando eu passava no meu carro via ele na parada de ônibus”, contou rindo.
É assim, entre girassóis, camélias e orquídias, com muito jogo de cintura, determinação e otimismo que dona Cláudia vem conduzindo seu negócio. Tem dado certo, ela vem conseguindo resistir ao tempo e às crises que aparecem. E, apesar dos espinhos, sempre com rosas no caminho.
