Ediel Ribeiro: A saída de Ernesto Araújo

'Parece que há uma divisão entre as pessoas que querem a saída do ministro Ernesto Araújo do Itamaraty e as que acham que ele já devia ter saído'

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Parece que há uma divisão entre as pessoas que querem a saída do ministro Ernesto Araújo do Itamaraty e as que acham que ele já devia ter saído.

A torcida para a saída do ministro das Relações Exteriores foi tanta que Ernesto Araújo acabou pedindo demissão por livre e espontânea pressão.

Não morro de amores pelo ministro, longe disso, mas acho que ele foi injustiçado. Ainda que o ministro se movimente no ministério como um elefante dentro de uma cristaleira, acho que a saída do chanceler foi precipitada.

Especialmente, porque muita ‘gente boa’ se manifestou contra a saída do ministro. Depois, se Fabio Wajngarten, Abraão Waintraub, Fabrício Queiroz, Olavo de Carvalho, Flordelis,

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Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro são contra a saída do ministro, não é possível que ele seja uma pessoa tão incompetente assim.

Obviamente que as críticas ao ministro são extremadas, afinal, Ernesto Araújo só comprou brigas com três dos nossos principais parceiros comerciais: Estados Unidos, China e Índia.

Em relação à política externa do Brasil, no tocante ao enfrentamento à pandemia, o ‘único erro’ do ministro foi o não estabelecimento de uma relação diplomática de produtividade com diversos países que poderiam ser colaboradores neste momento agudo de crise que temos no Brasil.

Mas nem isso foi tão prejudicial assim ao país; nós só ficamos sem a vacina para imunizar a população e sem a matéria prima para criarmos a nossa própria vacina. Nada demais.

O fato de o ministro chamar a vacina de ‘vachina’ e insinuar que os chineses tinham criado o vírus para ficarem milionários vendendo máscaras de pano, foi só uma brincadeirinha.

Em 2 anos e 4 meses à frente do Itamaraty, Araújo cometeu apenas alguns ‘errinhos’. Nada que afetasse nossa política internacional. Um deles, à frente de uma guinada ideológica na política internacional do Brasil, feriu, simultaneamente, o relacionamento do país com

Estados Unidos, China, França, Alemanha, Argentina e Índia, nações com produção própria de imunizantes que poderiam ajudar imediatamente a aumentar o estoque do nosso país.

Não é culpa do ministro o país ter ficado isolado do mundo e sem parceiros comerciais; o Brasil ter deixado de lado sua tradicional neutralidade ao apoiar abertamente a candidatura derrotada de Donald Trump, apoiada por Bolsonaro; ter demorado a reconhecer a vitória do atual presidente Joe Biden e não ter condenado o ataque de apoiadores de Trump ao Capitólio. Ele achou que eram turistas em visita ao centro legislativo do Estado Americano.

No caso da China, os ataques sistemáticos ao país e a seu embaixador no Brasil, feita por Araújo, via Twitter, junto com o filho de Bolsonaro, tenho certeza, não passou de zoação.

Mas, nem tudo está perdido. Bolsonaro, claro, já tem a solução. O presidente está pensando em nomear Olavo de Carvalho para ministro das Relações Exteriores.

Vocês conhecem alguém mais diplomático, culto e educado?

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"
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