Ediel Ribeiro: Como vencer uma eleição

Colunista do DIÁRIO DO RIO conta como seria uma parceira política do presidente Bolsonaro com o apresentador Silvio Santos

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De olho nas eleições de outubro, Bolsonaro descobre que melhor que ter um plano de governo ou um plano econômico meia boca, é distribuir dinheiro para os pobres.

Indo na direção contrária de anos de palanque como deputado federal e na contramão de suas promessas de campanha, Bolsonaro resolve investir nos programas assistenciais. Para isso, resolveu convidar o apresentador Silvio Santos para ministro da Economia.

Quando o dono do SBT chegou ao Palácio do Planalto, Bolsonaro estava acabando de colorir um livro.

– Mandou me chamar, presidente? – perguntou Sílvio.

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– Sim, Silvio. Quero que você seja o meu próximo ministro da Economia, taokey.

– Mas, e o Paulo Guedes?

– O Paulo Guedes começou como ‘Posto Ipiranga’ mas agora não passa de um postinho sem bandeira vendendo gasolina cara e adulterada e desse jeito eu não vou conseguir vencer as eleições.

E começou a cantar:“Silvio Santos vem aí! Olê! Olê! Olá!…”

– O seu programa de governo é muito bom… eu nunca vi, mas o programa é muito bom! – disse Silvio, citando um de seus bordões.

– Esquece o programa. Vamos distribuir dinheiro!

– Como? Distribuir dinheiro? O senhor sempre foi crítico dos programas assistencialistas do governo do presidente Lula , presidente?

– E daí? Eu também critiquei o Centrão e hoje eles moram dentro do Palácio. Ontem mesmo encontrei um deputado dormindo debaixo da minha cama. As pessoas mudam, taokey. Silvio, você ficou rico dando dinheiro para os pobres – disse o capitão.

– Jogando dinheiro para o alto. Quero que me ensine esse truque. Acho que vou até usar o seu bordão “Quem quer dinheiro?”, na minha campanha. O que acha?

– Sei lá. O senhor mesmo disse que o ‘Bolsa Família’ era um cabresto para amarrar pobre. Suas palavras: “Devemos discutir aqui a questão do Bolsa Família. Devemos colocar um fim no Bolsa Família, porque, cada vez mais, pobres coitados, ignorantes, ao receberem bolsa família, tornam-se eleitores de cabresto do PT”.

– Era, taokey. Em um levantamento feito pelo Ibope, a aprovação do meu governo saltou de 29% em dezembro de 2020 para um recorde de 40% em setembro de 2021, um mês após anunciarmos a prorrogação do auxílio emergencial.

– E quanto ao provérbio que dizia ser melhor ensinar uma pessoa a pescar ao invés de dar-lhe o peixe.

– Não é fácil pescar de barriga vazia, taokey.- A imprensa vai cair de pau nessa sua nova fase ‘mão aberta’.

– Fazer o quê!!?? Em política nada é imexível, taokey. Já mudei o nome do ‘Bolsa Família’ para ‘Auxílio Emergencial’ e aumentei para 400 reais. Agora, vou trocar a cor dos cartões e, aproveitando a ideia do excelente ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, que colocou a foto dele na Bíblia, vou colocar minha foto nos cartões do ‘Auxílio Emergencial’, taokey.

– Mas, presidente, isso vai custar 600 milhões aos cofres públicos. Como o senhor vai bancar isso, sem furar o teto de gastos?

– Tira da Educação!

– Presidente, assim o senhor pode sofrer um impeachment…

– Só Deus me tira dessa cadeira, taokey!! Mas, se quiserem me afastar da presidência, eu vou me auto-indultar.

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"
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