Ediel Ribeiro: O cartunista Caó, com acento no ó

Cartunista, animador e músico, o baiano Caó Cruz Alves iniciou-se profissionalmente como cartunista nos anos 70, com a tira “O Porco com Cauda de Pavão”, no jornal “A Tarde”, de Salvador, entre 1978 e 1980

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Foi em um recorte de jornal da “Folha de São Paulo”, meio que desmanchando e amarelado que revi o cartunista Caó.

O recorte, publicado pelo pesquisador João Antônio Buhrer, em sua página no Facebook, dizia: “o cartunista baiano Caó inaugura amanhã sua mostra ‘Desenhos de Caó, com acento no Ó’, no Sesc-Pompéia, em São Paulo”.

Era 1983.

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Lembrei de uns poucos cartuns que vi dele n´O Pasquim. Eram traços com humor refinado e, geralmente, sem texto.

Cartunista, animador e músico, o baiano Caó Cruz Alves iniciou-se profissionalmente como cartunista nos anos 70, com a tira “O Porco com Cauda de Pavão”, no jornal “A Tarde”, de Salvador, entre 1978 e 1980.

Também publicou na “Folha de São Paulo”, “O Pasquim” e nas revistas “Pau de Sebo” e  “Planeta”, entre outros. Editou durante muito tempo o fanzine “La Tanajura”. 

Realizou exposições individuais e coletivas. Participou dos Salões Internacionais de Humor, de Piracicaba, em São Paulo, e de Tóquio, no Japão. 

Ganhador de vários prêmios, para o artista, o mais importante foi o de Tokyo, no Japão, organizado pelo jornal “Yomiuri Shimbun”, em 1983.

Começou a desenhar ainda pequeno, influenciado pela mãe que era costureira e “prendada nas artes”.

Na escola, seus desenhos chamaram a atenção de um professor de francês que o contratou para reproduzir ilustrações do livro para as aulas de francês. Nessa época, começou a ganhar dinheiro com sua arte e conheceu o jornal “O Pasquim”, onde, mais tarde, viria publicar seus cartuns.

Desde cedo aprendeu a gostar de ler e devorava tudo que aparecia em casa. Desde os quadrinhos, aos clássicos como Tolstói, Dostoiévski, Proust, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Fernando Pessoa.

Autodidata, inspirou-se em nomes como Luis Sá, Millôr Fernandes, Jaguar, Ziraldo, Lage, Siné, Wolinski, Spielberg, Walt Disney, Claire Bretécher, Avoine, Sempé, Reiser, Quino e Charles Schulz, para compor seu estilo.

“O Porco com Cauda de Pavão” foi criado em 1977, em forma de tiras de quadrinho, nas páginas do jornal “A Tarde”. A tira com seus personagens fantásticos, grosseiros e elegantes, foi um sucesso na época. Em 1979, foi reunido em livro e é considerado pioneiro em publicação no gênero quadrinhos na Bahia. 

Em 2018, lançou o livro de cartuns inéditos intitulado “Almofadas com Pelos de Gatos”. A história, sem texto e com 64 páginas, traz como protagonistas gatos delicados, descolados e com muito humor, que fazem de tudo para aparecer.

Nos anos 80, morando em Paris, fez alguns cursos de animação aprimorando seus conhecimentos no campo da animação de quadrinhos na escola vinculada ao National Board of Canada. Participou de várias exposições, festivais, mostras de quadrinhos e animação a exemplo de Angoulême, Epinal, Saint Just-Le-Martel, Annecy e Lilly. 

Em 1997, fez seu primeiro filme de animação, chamado “Coisinha”. Em 1998, fez “Ouviram Allonsanfan”, que acabou ganhando o primeiro lugar no festival, “A Imagem em Cinco Minutos”. 

Caó já fez cerca de 40 curtas e ganhou vários prêmios em festivais e mostras pelo Brasil. 

Recentemente, concluiu uma série de 26 episódios em animação chamada “Natureza do Homem”, patrocinada pela Ancine e TVE.

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"
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