Ediel Ribeiro: Toda a Poesia de Ana Cristina C.

A poeta Ana Cristina C. teve uma vida breve. Cometeu suicídio aos trinta e um anos, atirando-se pela janela do apartamento dos pais, no sétimo andar de um edifício da rua Toneleros, em Copacabana no Rio de Janeiro

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Nunca tinha ouvido falar de Ana Cristina Cruz Cesar.

Até esbarrar com a Poesia Marginal de Chacal, Paulo Leminski, Geraldo Carneiro, Cacaso, Waly Salomão, Charles Peixoto, Ana Cristina C. e outros.

Adorei conhecer Ana Cristina C. e seu senso estético, sua atração pelo insólito do cotidiano, o coloquialismo, o existencialismo de sua poesia e sua fina linha entre o ficcional e o autobiográfico.

A poeta Ana Cristina C. teve uma vida breve. Cometeu suicídio aos trinta e um anos, atirando-se pela janela do apartamento dos pais, no sétimo andar de um edifício da rua Toneleros, em Copacabana no Rio de Janeiro.

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Além de ter sido um dos nomes mais talentosos da moderna poesia brasileira, a poeta foi também jornalista, ensaísta, tradutora e crítica literária.

Em 2016, foi homenageada na Flip – Festa Literária de Paraty, no Rio de Janeiro.

Ana Cristina C. – ou Ana C., como às vezes assinava – foi uma autora ativa e intensa – escreveu não só poesia –, a poeta carioca, foi um ícone da poesia marginal que floresceu em um conturbado momento político, enfrentando a censura imposta pela ditadura militar.

Filha do sociólogo e jornalista Waldo Aranha Lenz Cesar e da professora Maria Luiza Cruz, Ana Cristina Cruz Cesar nasceu em uma família culta e protestante de classe média carioca. Antes mesmo de ser alfabetizada, aos seis anos de idade, já ditava poemas para sua mãe.

Em 1969, Ana Cristina C. viajou à Inglaterra e passou um período em Londres, onde travou contato com a literatura em língua inglesa. Quando regressou ao Brasil, com livros de Emily Dickinson, Sylvia Plath e Katherine
Mansfield nas malas, dedicou-se a escrever e a traduzir, entrando para a Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), aos dezenove anos.

Neste meio tempo, Ana C. começou a publicar poemas e textos de prosa poética em coletâneas, revistas e jornais alternativos. Colaborou em diversas publicações, com destaque para “Beijo”, importante periódico de cultura, com sete números impressos, cujo processo ela acompanhou desde a criação.

Seus principais parceiros em vida, sobretudo na poesia, foram o poeta Armando Freitas Filho – poeta brasileiro, para quem ela deixou a responsabilidade de cuidar postumamente das suas publicações – e Heloisa Buarque de Hollanda, que em 1975 lançou “26 Poetas Hoje”, em que aparece Ana C., e ajudou a projetar os poetas marginais da época.

Antes disso, ela já tinha publicado seus poemas em antologias e publicado pequenos livros artesanais. Seus primeiros livros, “A teus Pés” (relançado agora pela Companhia das Letras) e “Cenas de Abril e
Correspondência Completa”, foram lançados em edições independentes. Em 1980, publicou “Luvas de Pelica”, escrito na Inglaterra.

Publicou ainda “Inconfissões – Fotobiografia de Ana Cristina Cesar”, organizada postumamente por Eucanaã Ferraz, poeta e consultor de literatura do IMS.

O acervo pessoal da autora está sob tutela do Instituto Moreira Salles. A família fez a doação mediante a promessa de que os escritos ficarão no Rio de Janeiro.

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"
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