Faltando apenas uma semana para as eleições municipais de 2024, o editor do Diário do Rio, Quintino Gomes Freire, conduziu uma live debatendo as principais movimentações políticas que estão marcando o cenário eleitoral do Rio de Janeiro. O cientista político Bruno Kazuhiro era esperado para participar da discussão e compartilhar sua expertise, mas acabou não podendo comparecer devido a outros compromissos. No entanto, Quintino aproveitou o momento para fazer uma análise abrangente sobre os candidatos, as polêmicas mais recentes e os desdobramentos que podem definir o resultado das eleições.
Polêmica do Governador Cláudio Castro e as Viaturas Secretas
A discussão começou abordando um dos principais temas da semana: o polêmico vídeo do governador Cláudio Castro, no qual ele apresenta novas viaturas não identificadas da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. A ideia do vídeo, que deveria mostrar um investimento em segurança pública, acabou gerando uma grande controvérsia.
“Esse vídeo foi um verdadeiro desastre, todo mundo está comentando. É uma das maiores gafes políticas que vimos recentemente no Rio. A ideia era mostrar os investimentos do governo em viaturas não caracterizadas, mas a execução foi péssima. O vídeo acabou sendo ridicularizado e, em vez de passar uma mensagem de segurança, deu margem para inúmeras piadas e memes”, afirmou Quintino.
De fato, o vídeo se tornou viral nas redes sociais, provocando uma chuva de memes e críticas. Quintino destacou que o episódio teve uma péssima repercussão para o governador, que ainda tenta justificar o uso dos carros sem caracterização como parte da estratégia de combate ao crime. “Foi um erro de comunicação. O governador tentou explicar, mas não convenceu ninguém. O resultado foi desastroso, e todos os grupos políticos, inclusive aqueles que geralmente não comentam sobre segurança, falaram sobre isso”, completou.
Renan Ferreirinha e o Pedido de Voto Útil
Outro tema que dominou a live foi o pedido de Renan Ferreirinha, secretário de Educação do Rio, que, em um vídeo, apelou aos eleitores de Tarcísio Mota (PSOL) para que considerassem votar em Eduardo Paes (PSD) no primeiro turno. Ferreirinha destacou que o Tarcísio Mota não tem chances de ir ao segundo turno, conforme mostram as pesquisas, e que o único resultado de manter o voto em Mota seria fortalecer a extrema-direita, representada por Alexandre Ramagem (PL).
“Eu não tenho problemas em dizer que respeito o Tarcísio como parlamentar. Ele é honesto e defende o que acredita, mas a verdade é que ele não tem chances nesta eleição. Votar no Tarcísio é dispersar votos que podem acabar favorecendo a extrema-direita”, explicou Ferreirinha no vídeo.
O apelo gerou reações, e Tarcísio Mota não tardou a responder. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Mota criticou o pedido de voto útil e afirmou que o primeiro turno é o momento de votar por convicção.
“Nossa campanha é de convicção, e estamos crescendo nas ruas. Não caia nesse papo de voto útil. A política deve ser feita com honestidade e respeito pelas convicções. Não podemos apoiar um sistema que inclui figuras da extrema-direita e depois pedir votos da esquerda”, rebateu Tarcísio.
O Cenário das Pesquisas: Tendência de Vitória no Primeiro Turno
Quintino também analisou o cenário atual das pesquisas de intenção de voto, destacando a vantagem de Eduardo Paes, que lidera com folga e pode garantir a reeleição no primeiro turno.
“As pesquisas estão mostrando uma clara tendência de vitória de Eduardo Paes no primeiro turno. Ele está com cerca de 60% dos votos válidos, o que é suficiente para evitar um segundo turno, desde que mantenha esse ritmo nos próximos dias”, explicou Quintino.
Ainda assim, ele alertou que Alexandre Ramagem está crescendo nas pesquisas, especialmente com o apoio mais direto de Jair Bolsonaro.
“Ramagem tem mostrado crescimento, principalmente com a entrada do Bolsonaro em sua campanha. Isso pode trazer mais votos da direita, mas é difícil imaginar que esse apoio seja suficiente para levá-lo ao segundo turno”, completou.
Outro ponto destacado foi a frieza das eleições de 2024. Quintino observou que, em comparação com anos anteriores, o eleitorado parece menos engajado, e as pesquisas por candidatos ainda não atingiram o mesmo volume de buscas que costumam ocorrer na reta final de campanhas eleitorais.
“As pessoas não estão engajadas como em eleições passadas. Ainda temos muitos eleitores indecisos e pouca busca ativa por informações sobre os candidatos. Isso é estranho, especialmente considerando que faltam menos de sete dias para a eleição”, observou.
O Papel da Terceira Via: Marcelo Queiroz e a Difícil Tarefa de Se Firmar
Quintino também comentou sobre a campanha de Marcelo Queiroz, que representa a terceira via na disputa. Apesar de ser visto como um candidato viável, sua falta de visibilidade tem prejudicado sua campanha.
“Marcelo Queiroz é um candidato que poderia atrair o eleitorado que busca uma alternativa entre Eduardo Paes e a extrema-direita, mas ele simplesmente não conseguiu ganhar tração. O fato de 56% dos eleitores ainda não o conhecerem, mesmo após o início oficial da campanha, é um indicativo de como a TV e a mídia tradicional perderam força”, destacou Quintino.
Expectativas para a Semana Final
Na reta final da live, Quintino reforçou que a eleição parece encaminhada para uma vitória de Eduardo Paes no primeiro turno, mas também reconheceu que a política é sempre imprevisível.
“Se não houver grandes surpresas nos próximos dias, Eduardo Paes tem tudo para ganhar no primeiro turno. Mas, como todos sabem, eleições são sempre cheias de reviravoltas. A campanha de Ramagem está crescendo e, embora improvável, ainda existe uma chance de que o cenário mude”, concluiu Quintino.
Quintino Gomes Freire anunciou que o Diário do Rio seguirá acompanhando de perto os últimos dias de campanha e que fará uma cobertura ao vivo no dia da eleição, oferecendo análises em tempo real dos resultados e das movimentações dos candidatos.