No cenário urbano, a manutenção de parques e praças se tornou uma responsabilidade partilhada entre os moradores e as administrações locais em diversas cidades globais, como Nova York e Londres. Essa mesma lógica inspirou as três empresárias cariocas, Luciana Levacov, Lilian Pieroni e Renata Lima, a liderarem um projeto que há cinco anos se dedica à restauração de espaços públicos, o Revitaliza Rio, que promove um renascimento da autoestima na Cidade Maravilhosa.
A iniciativa surge da percepção de que, diante da incapacidade do governo em cuidar exclusivamente de todos os espaços públicos, o apoio dos cidadãos é essencial para evitar o abandono e a degradação desses locais.
O primeiro ato do projeto focou na restauração do portão do Parque Guinle, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. A peça, datada de 1910, o portão, esculpido em bronze e ferro pela mesma empresa responsável pela Torre Eiffel, havia sido deixado ao abandono nos últimos anos. O projeto também já arrecadou R$ 2 milhões para a revitalização Parque da Catacumba, uma reserva ecológica ao lado da Lagoa Rodrigo de Freitas.
E com a captação de recursos por meio da Lei Rouanet e da Lei do ISS, o projeto reverteu a deterioração do portão, recuperando sua imponência e funcionalidade. Empresas como Rede D’Or, Sotreq, BTG Pactual, Icatu Seguros, Klabin e Artplan tornaram-se importantes apoiadores.
O esforço de revitalização não se limitou apenas à restauração de esculturas e mobiliários. No Parque da Cidade, na Gávea, obras como a Fonte do Índio e a Piscina Marajoara receberam cuidados especiais do renomado arquiteto português Fernando Correia Dias Já no projeto na Praça da Harmonia, na Gamboa, Na Praça da Harmonia, optou-se por intervenções mais sutis após discussões com os moradores locais, priorizando a vontade da comunidade em relação à intervenção no espaço.
O projeto está focado, na artualidade, na Praça Paris, na Glória, reconhecida como uma obra-prima da belle époque carioca. O objetivo é resgatar a essência original da praça, combatendo a criminalidade e trazendo novas oportunidades de uso, como uma versão da Feira do Livro, tradicional em São Paulo.
A entrevista com as três empresárias pode ser conferida no Brazil Journal.
Vandalismo e a Depredação do Patrimônio
Entre os incidentes de maior destaque, destacam-se furtos de cabos e luminárias, danos e roubos de controladores dos sinais de trânsito, depredações em papeleiras, atos de pichação, vandalismo nas estações do BRT e, ainda, casos de furto e vandalismo em monumentos e locais de valor histórico.
Os prejuízos decorrentes destes atos de vandalismo, durante o período de janeiro de 2022 a outubro de 2023, ultrapassaram os R$ 98 milhões nos cofres municipais, segundo dados de uma reportagem do DIÁRIO DO RIO. Esses fundos foram direcionados especificamente para reparos e medidas de dissuasão a fim de conter a frequência e os impactos das ações destrutivas.
Esta cifra reflete a grave questão do vandalismo, que não apenas deteriora fisicamente o patrimônio público, mas também representa um encargo financeiro gigantesco para a cidade. Essa situação se contrapõe diretamente ao trabalho e à iniciativa da Luciana, Lilian e Renata que têm se dedicado a revitalizar e preservar.
Enquanto o vandalismo dá prejuízo aos cofres públicos, o projeto do trio busca resgatar e restaurar locais históricos e espaços urbanos, promovendo não apenas a conservação do patrimônio, mas também o resgate da identidade cultural e a melhoria para os cidadãos.
Exemplo de Restauração e Fé
A Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, escondida em meio ao Rio Antigo, na movimentada Rua do Ouvidor, nº 35, no Centro do Rio de Janeiro, representa um tesouro histórico. Inicialmente modesta, a igreja dedicada à santa teve suas obras iniciadas em 1747, incorporando elementos dos estilos rococó e barroco.
A igreja enfrentou, recentemente, um período conturbado, permanecendo fechada por quase quatro anos, pela Defesa Civil, após um incidente na fachada. Um grupo de empresários e voluntários uniram esforços para revitalizar o monumento, que apresentava sinais de deterioração externa e a estrutura fragilizada.
Cláudio André Castro, o diretor da Sérgio Castro Imóveis, foi nomeado comissário administrativo pela Arquidiocese do Rio de Janeiro para restaurar e devolver o valor ao templo, marcando o início dos esforços de revitalização em março do ano de 2023.