Escritora carioca Márcia Silveira lança seu premiado romance no próximo sábado, dia 17, no Rio 

“Dona das Dores” (Editora Urutau) foi um dos vencedores do Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura 2023

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“Tem coisas que a gente passa uma vida inteira sem dizer, como se assim elas fossem desaparecer, mas está tudo guardado num lugar bem escondido: o lugar da vergonha.”Trecho do livro 

O primeiro romance da escritora, crítica literária e pesquisadora Márcia Silveira já nasce premiado: Dona das Dores foi um dos livros contemplados pelo Ministério da Cultura com o Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023. Nesta obra, publicada em 2024 pela editora Urutau, a autora retoma o tema da memória, também presente em seu livro de crônicas Inventário de vagas lembranças (Litteralux, 2023).

Narrado em primeira pessoa, o livro conta a história da personagem Maria das Dores, mulher negra e nordestina, que, já idosa, descobre estar doente e que em breve poderá se esquecer de grande parte do que viveu. Antes que isso aconteça, ela decide deixar um legado: um caderno contendo não apenas a sua história, mas também a revelação de um segredo guardado a vida inteira. Além da memória, a obra traz à tona temas como luto, solidão, preconceito e saúde mental. A história de Maria das Dores leva o leitor a refletir sobre como as escolhas feitas ao longo da vida impactam o futuro.

O texto de apresentação do romance é assinado pela jornalista e escritora Rachel Quintiliano, colunista e editora do site da Revista Raça. Rachel destaca outras escritoras negras que, com seu trabalho, abriram caminho para que, hoje, livros como Dona das Dores possam ser publicados e reconhecidos:

Maria, dona de dores, desejos, sonhos e desilusões. Uma vida comum, quase banal que se faz única pela capacidade de registrar de forma habilidosa suas experiências, com simplicidade e crueza em um texto direto, com urgência, detalhes e emoções que colocam ela, uma personagem inventada, ao lado de personalidades notáveis como Maria Firmina dos Reis, que abriu picada no mato para que Carolina Maria de Jesus e tantas outras pudessem pisar e construir uma estrada pavimentada, que certamente levou Márcia a criar em pensamento e palavras, Dona das Dores.”

De leitora a escritora

Márcia Silveira cresceu em uma casa com muitos livros. Seu pai e suas irmãs era professores, e a leitura fez parte de sua vida desde muito cedo, tanto que, aos 12 anos, ela já tinha o sonho de se tornar escritora. Foi apenas em 2023, mais de três décadas depois, que esse desejo se concretizou com o lançamento de seu livro de crônicas.

O caminho até a realização do sonho foi longo, mas sempre ligado ao universo das artes. Márcia é graduada em Design Gráfico, cursou uma especialização em História da Arte e trabalhou durante anos como fotógrafa. Mais tarde, graduou-se também em Filosofia pela Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro e atualmente é mestranda em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Desde 2019 escreve resenhas literárias para o Diário do Rio e em 2022 lançou a newsletter Página 23, na qual escreve crônicas e ensaios sobre literatura, filosofia, memórias e cotidiano.

O evento de lançamento de Dona das Dores está marcado para o próximo sábado, 17 de maio, às 14h, no Diário do Rio de Cultura – Travessa do Comércio, nº 2 – Arco do Teles, Centro – Rio de Janeiro. Além da sessão de autógrafos, haverá um pocket show de MPB.

Confira mais um trecho do livro:

“Quando era criança, eu tinha longos cabelos crespos, herança da família da minha mãe, que era preta retinta – de quem também herdei a cor da pele. Minha avó paterna, de pele clara e cabelos lisos, me penteava com raiva, puxando muito, mas não me deixava cortar. Dizia que era coisa da religião, mas acho que era só por maldade mesmo. Doía muito. Eu chorava quietinha e pensava que, assim que pudesse, cortaria meus cabelos para não sofrer mais. Um dia bom era a Sexta-feira Santa, dia em que, segundo ela, a gente não podia fazer nada, nem pentear o cabelo.

Principalmente quem tem o nome de Maria’, ela dizia.

Era um alívio.”

______Adquira “Dona das Dores” pelo site da editora Urutau: https://editoraurutau.com/titulo/dona-das-dores

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