Reerguendo-se após os mais de dois anos de pandemia, o mercado de imóveis comerciais tem sido grandemente impulsionado pela grande procura por escritórios de alto padrão do Rio, e vem dando claros sinais de retomada. Um dos principais pontos observados nesse movimento de recuperação pós-pandemia são os novos inquilinos que estão sendo conquistados pelo segmento corporativo de luxo.
Segundo informou o jornal O Globo, o famoso Edifício Torre Almirante, no Centro da cidade, que já abrigou parte da Petrobras – cujo prédio na Avenida Chile está passando por reformas, recebeu dois novos ocupantes recentemente. Ambos locaram 2,1 mil metros quadrados em dois andares do prédio pelo prazo de cinco anos. De acordo com a consultoria SiiLA, especializada no setor, os novos inquilinos são do setor de transporte e logística.
Os contratos têm garantido fôlego para o edifício, que já atingiu taxa de vacância de 59%, bem superior ao período anteriormente analisado. Mesmo com o Torre Almirante ostentando atributos consideráveis na hora de fechar negócio, como a localização central e seus 34 andares, o momento ainda requer cuidados. Um fundo do BTG é dono de 40% do prédio, que tem a WeWork como sua principal inquilina. Para o corretor Lucio Pinheiro, há 25 anos trabalhando no segmento, a região do prédio é altamente prejudicada pela distribuição de alimentos para moradores de rua, que passaram a dominar a calçada da Avenida Graça Aranha, bem na cara do luxuoso edifício com portaria em placas de ônix retroiluminado.
Recentemente, o edifício Serrador voltou ao mercado de locações, com seus 24 andares super modernos mas com arquitetura tradicional. Cada andar que está pra alugar tem 898m2 e uma vista de tirar o fôlego. O edifício está sendo ofertado por R$ 55,00 por metro quadrado, apesar de sua infraestrutura formidável: tem até heliponto e auditório. A Sergio Castro Imóveis começou semana passada o trabalho de promover sua locação, por valores que não chegam à metade do que era pago há poucos anos atras pelo empresário Eike Batista, último inquilino. Eike pagava mais de 2 milhões de reais por mês pelo prédio todo. Agora, a locação pode ser feita andar por andar.
As locações andam de vento em popa também no famoso edifício Linneo de Paula Machado, na Almirante Barroso, que ganhou inquilinos de peso: Águas do Rio e a gigante do mercado de locação de impressoras Office Total.
Na região do Porto, edifícios como o Aqwa Corporate e o Vista Guanabara beiram os 100% de ocupação. O sucesso com a locação dos andares na Zona Portuária localizados entre a Cidade do Samba e a Praça Mauá tem sido assunto no meio imobiliário. “O problema permanece na região do Santo Cristo, onde ainda há muita vacância”, diz o corretor Wilton Alves, há 60 anos no mercado.
Zona Sul também revive
Na Praia do Flamengo, a consultoria Visagio alugou 675 metros quadrados por sete anos no Internacional Rio. Com 13 andares, o imóvel fica em frente ao Castelinho do Flamengo. Com o novo ocupante, o espaço vago no edifício caiu de 28,4% para 26,9%.
Foi um alívio maior para o fundo imobiliário da gestora Rio Bravo, dona de um naco de 14% do prédio. A Visagio vai ocupar 46% do espaço do qual a gestora é dona, zerando a vacância dessa participação.
No Leblon, Ipanema e Humaitá, a coisa bomba. Com valores de locação que atingem 200 reais por cada metro quadrado, os espaços são escassos, e caçados com afinco pelas gestoras de ativos (as “assets”).
Parece que o home office – embora preferido, obviamente, pelos empregados – não está mesmo tão nos planos de todos os donos de empresas quanto se imaginava. Até empresas como Google e Apple têm retornado aos escritórios. Resta saber o que fazer com os ‘offices’ em prédios mal-tratados, pois a preferência pelos de padrão mais alto se torna cada vez mais óbvia.
