Estado do Rio beira desmatamento zero, aponta Inea

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A Mata Atlântica brasileira se estende do litoral sul Baiano até o litoral do Rio Grande do Sul, extenso território no qual vivem mais de 72% da população do país. No estado do Rio de Janeiro, que está 100% inserido no bioma, grande parte da floresta nativa foi desmatada ao longo dos anos para diferentes usos, como ocupação urbana e atividades econômicas, principalmente a pecuária.

O Rio de Janeiro é um dos estados com maior percentual relativo de cobertura de Mata Atlântica, dispondo de cerca de 1,3 milhão de hectares de vegetação nativa remanescente, correspondente a pouco mais de 30% do território do estado, segundo mapeamento elaborado pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) para o ano de 2018. Dessas áreas, cerca de 53,8% encontra-se sob regime de proteção ambiental (Unidades de Conservação, Reserva Legal), e aproximadamente 46,2% está localizada fora de áreas protegidas, e, em sua maioria, em imóveis rurais privados.

Desde 2010, o Rio integra a lista dos estados que beiram o desmatamento zero, ou seja, desflorestamento inferior a 100 hectares anuais (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). O dado indica que atividades voltadas para coibir o desmatamento, como monitoramento da vegetação nativa por satélite realizada pelo projeto Olho no Verde, incremento das ações de fiscalização e autuação ao desmatamento ilegal, somadas às ações para a conservação, como a criação, ampliação e gestão de áreas legalmente protegidas, têm trazido resultados positivos para a proteção do bioma no estado.

Cerca de 18 campos de futebol do bioma foram desmatados entre 2017 e 2018 no estado, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica. Em paralelo, as demandas por recursos naturais continuam crescendo e a recuperação do bioma demanda tempo e investimento. Essa realidade aponta a importância de esforços contínuos para proteção do bioma a partir de iniciativas e políticas públicas que promovam a manutenção dos serviços ecossistêmicos da Mata Atlântica.

Apesar das perdas de remanescentes florestais, houve um saldo positivo em relação a variação da cobertura de vegetação nativa total no estado ano de 2015 para 2018: observou-se um aumento de cerca de 11 mil hectares de vegetação nativa (0,3%), segundo o mapeamento recente elaborado pelo INEA. Umas das possíveis causas desse aumento é o processo de regeneração natural no entorno de remanescentes florestais.

A Mata Atlântica abriga milhares de espécies vegetais e animais, que oferecem os mais diversos serviços e produtos da biodiversidade, essenciais para a manutenção do meio ambiente e da vida humana. A floresta em pé tem um valor imensurável. Ela provê a nossa água, fornece condições para a produção de alimentos, contribui para a regulação do clima, melhora a qualidade do ar, entre tantos outros benefícios.

A biodiversidade do bioma é única. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, são mais de 20 mil plantas nativas (35% das espécies existentes no Brasil), muitas delas endêmicas, ou seja, não existem em nenhum outro lugar do mundo. A Mata Atlântica também é habitat para mais de duas mil espécies animais, que se alimentam de seus frutos e espalham sementes, exercendo um papel essencial na engrenagem que mantêm o equilíbrio desse conjunto de ecossistemas. São mais de 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes, sem falar nos insetos e outros animais invertebrados.

A produção de alimentos também depende do equilíbrio dos ecossistemas que fazem parte do bioma. As florestas são responsáveis pela produção e abastecimento de água, contribuem para a regulação do clima; reduzem os riscos de enchentes e desastres ambientais; aumentam a fertilidade e proteção do solo, entre vários outros benefícios. A floresta fornece, ainda, diversos produtos e serviços com grande potencial socioeconômico, como madeira, fibras, óleos, sementes e remédios, podendo ser uma importante fonte de renda para pequenos produtores rurais a partir do manejo sustentável e legal.

Não só por suas belas paisagens e riquezas naturais, mas também pela importante contribuição para a cultura e identidade brasileira, a Mata Atlântica é reconhecida como Patrimônio Natural da Unesco (Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciência e a Cultural).

No entanto, embora o bioma ainda continue sendo um dos mais ricos em biodiversidade do mundo, a maior parte das espécies animais e vegetais em risco de extinção está na Mata Atlântica. O desmatamento, a exploração indevida dos recursos naturais e a caça predatória são as principais ameaças.

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Dia Nacional da Mata Atlântica

Nesta quarta-feira (27/05) foi é celebrado o Dia Nacional da Mata Atlântica, bioma que recebe especial atenção no estado no Rio. Executado desde 2017 pelas secretarias de Meio Ambiente (SEAS), por meio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e Agricultura e Pecuária (SEAPPA), o programa Conexão Mata Atlântica já investiu mais de R$1,8 milhão para recompensar 162 produtores rurais, por meio do mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). O projeto é financiado pelo Fundo Global do Meio Ambiente (GEF), por meio do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID). A iniciativa também é realizada nos estados de São Paulo e Minas Gerais.  

Foram contratados, até o momento, mais de 2.000 hectares (equivalente a cerca de 2 mil campos de futebol) com ações de conservação de florestas nativas, restauração de áreas degradadas e adoção de práticas produtivas ecológicas, como os sistemas silvipastoril e agroflorestal. Com os recursos anuais de PSA, o produtor rural investe em melhorias no negócio rural, impulsionando o desenvolvimento socioambiental.

Embora ainda seja muito cedo para contabilizar resultados, os produtores rurais contemplados pelo projeto têm compartilhado impressões animadoras sobre a recuperação de áreas antes degradadas.

Os proprietários rurais têm uma importante contribuição para a preservação da Mata Atlântica no nosso estado, pois quase metade das nossas florestas estão fora de áreas protegidas, e em sua maioria, em imóveis rurais privados. Com o PSA, premiamos e reconhecemos os proprietários rurais que contribuem para preservar esse patrimônio, ao conservarem suas florestas, recuperarem suas encostas, nascentes e matas ciliares, e ao adotarem boas práticas ecológicas de produção – afirma Marie Ikemoto, coordenadora do projeto e gerente de Gestão do Território e Informações Geoespaciais do Inea.

O objetivo é expandir o número de produtores atendidos a partir da seleção do segundo edital, que teve as inscrições prorrogadas até dia 17 de julho. A meta é alcançar o total de 2.500 hectares de área manejada e investir cerca de R$ 7 milhões em pagamentos por serviços ambientais, até 2023. O projeto contempla microbacias localizadas em seis municípios fluminenses: Italva, Cambuci, Varre-Sai, Porciúncula, Valença e Barra do Piraí.

Depois que começarmos a preservar a floresta, a biodiversidade, a água e a qualidade do solo vem melhorando muito. É de extrema importância a gente preservar a natureza. Sem ela a gente não vive e não produz – diz Luiz Carvalho, produtor rural de Italva, que conservou uma área de mais de dois hectares de floresta nativa e desenvolve um sistema agroflorestal, no qual produz produtos agroecológicos.



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