Estudante morto na ditadura pode entrar para livro de heróis no Rio

Edson Luís foi morto em 1968, em invasão de restaurante estudantil

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Acervo da Biblioteca Nacional

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, em segunda discussão, nesta terça-feira (06/05), a inclusão do nome de Edson Luís de Lima Souto no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio. A medida está prevista no Projeto de Lei 606/23, de autoria original da deputada Dani Monteiro (PSol). A medida segue para o governador Cláudio Castro, que tem até 15 dias úteis para sancioná-la ou vetá-la.

Edson Luís foi um estudante assassinado pela polícia durante a Ditadura Militar em 1968, quando tinha apenas 18 anos. O jovem tornou-se um símbolo histórico da resistência estudantil contra a repressão política. “Quero referenciar o quanto Edson foi um herói, pois lutava diretamente pela democracia, pela educação e pelo direito à alimentação. Isto é o que nos motiva a colocar o seu nome no Livro de Heróis”, discursou Dani Monteiro.

Natural de Belém, no Pará, Edson Luís se mudou para o Rio de Janeiro para terminar o segundo grau, atual Ensino Médio. Foi assassinado em março de 1968 após policiais militares invadirem o Restaurante Central do Estudantes, conhecido como Calabouço, no Centro do Rio, onde estava acontecendo uma manifestação estudantil. No mesmo ano de seu assassinato, em dezembro de 1968, a Ditadura Militar endureceu o regime e decretou o Ato Institucional número 5 (AI-5), que permitiu a cassação de políticos eleitos.

Decanos enaltecem homenagem

A homenagem também foi elogiada pelos decanos do Parlamento fluminense, deputados Carlos Minc (PSB) e Luiz Paulo (PSD), que pediram para ser coautores do projeto. Os dois presenciaram a manifestação em que o estudante foi morto. “Sou testemunha ocular da história deste assassinato praticado pela ditadura. Os estudantes pegaram o corpo dele e trouxeram para onde hoje é a Câmara Municipal e eu estava presente porque, na época, eu também fazia parte do movimento estudantil. Muitos foram os intelectuais que aderiram a esse projeto pelo assassinato de um jovem, mas muito jovem, estudante”, disse Luiz Paulo. “É hora de a gente resgatar esses heróis anônimos que lutaram pela democracia”, defendeu.

Esse caso levou a uma expansão do movimento estudantil. Lembro que o pessoal gritava ‘mataram um estudante. E se fosse um filho seu? Isso pegou na classe média porque, de fato, ele não estava cometendo crime algum e sim almoçando em um restaurante”, contou Minc. “O Edson levou um tiro no peito e a polícia tentou tirar o corpo dele e levar embora para fazer a autópsia e esvaziar a manifestação. Os médicos Jamir Haddad e Luiz Tenório fizeram a autópsia no meio da manifestação para que ninguém levasse o corpo embora“, detalhou.

A deputada Dani Monteiro ainda lembrou que a Lei 8.439/19, aprovada pela Alerj, incluiu no Calendário Oficial do Estado do Rio de Janeiro o dia 28 de março como “O Dia Estadual da Juventude em Defesa da Democracia”, em homenagem ao estudante.

Além de Dani Monteiro, Luiz Paulo e Carlos Minc, o projeto também tem a coautoria dos seguintes parlamentares: Professor Josemar (PSol), Flávio Serafini (PSol), Verônica Lima (PT), Elika Takimoto (PT), Marina do MST (PT) e Yuri (PSol).

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