Com o objetivo de recuperar e contribuir com locais públicos da Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, uma inciativa criada por três alunos de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem dado o que falar na região. Batizado de “Engenhando a Cidade”, o projeto propõe uma série de melhorias através do conhecimento de estudantes que sonham em transformar o meio social no que estão inseridos.
Surgido em meados de 2019, dentro dos corredores da Escola Politécnica da UFRJ, a ideia foi concebida pelos jovens Francisco Victer (19), Severino Virgínio (20) e Yan Monteiro (21), todos moradores da Ilha do Governador. O intuito do trio é buscar e articular soluções junto ao Poder Público e a sociedade para solucionar os problemas de infraestrutura não só da região em que moram, mas para outras áreas do Rio de Janeiro, aplicando conceitos simples de Engenharia.
“Sendo moradores da cidade, especialmente no nosso bairro da Ilha do Governador, víamos diariamente algumas coisas ruins que seriam fáceis de resolver se houvesse uma demanda lógica e bem fundamentada sendo entregue ao Poder Público, que hoje carece de bons mecanismos de diagnóstico e priorização. Daí resolvemos voluntariamente desenvolver alguns desses projetos, e na medida que a iniciativa tomou corpo que adotamos o nome de Engenhando a Cidade”, conta Francisco Victer, aluno de Engenharia de Produção e um dos fundadores do projeto.
Victer cita uma das ações do “Engenhando a Cidade”, que poderia sanar uma questão simples da Ilha do Governador, a projeção deficitária no trecho de retorno da Estrada do Galeão, embaixo do viaduto de acesso ao aeroporto Tom Jobim, que já ocasionou inúmeros acidentes de trânsito
“Um projeto que gosto sempre de ressaltar é o da pista de aceleração na estrada do Galeão: um local onde sempre há acidentes (e todos os moradores sabem) pela falta de espaço para a manobra de um carro. Fazendo um redesenho simples do canteiro, criamos um projeto barato aos cofres públicos e que resolveria o problema”.
O grupo ainda tem muitos projetos que ainda estão no papel, mas alguns saíram na prática. o a construção de uma ponte na comunidade da Praia da Rosa, eparos no Corredor Esportivo do Moneró, e mais recentemente, com a indicação do Vereador César Maia, a recuperação da Praça Papai Noel.
“Para o futuro, também temos alguns projetos ambiciosos na manga: desde a recuperação da orla da Praia da Guanabara, que no passado já foi uma das praias mais movimentadas do Rio, à criação de um retorno na linha vermelha em direção à Ilha, que de forma relativamente barata diminuiria significativamente o trânsito para a Zona Norte, além de facilitar a logística de carga do Aeroporto do Galeão”.
Francisco, Severino e Yan ainda deixam um recado para os moradores do Rio:
“A todos que têm me perguntado sobre a iniciativa, tenho respondido: Crie o Engenhando do seu bairro. Não tem ninguém que entenda melhor de uma região do que quem vive o dia-a-dia nela. E para quem estuda ou já é um profissional experiente na área de engenharia, minha sugestão é duplicada: não existe trabalho voluntário que seja melhor do que aquele onde você tem a oportunidade de aplicar os conhecimentos específicos da sua área. O nosso objetivo criando o Engenhando foi esse, de trazer um pouco de retorno à sociedade que sustenta a nossa universidade. E espero que, dentro dos nossos limites, estejamos conseguindo fazer esse dever e causar um impacto concreto na qualidade de vida das pessoas”.
“Fazer parte do Engenhando a Cidade é uma forma que eu tenho de dizer à população carente, da qual eu fiz e faço parte, que eles não serão esquecidos”. conta Severino.
“Um dos resultados do projeto é reaproximação da universidade com a sociedade. Adicionando assim docentes, mestres, doutores, e graduandos dentro das iniciativas, agregando muita experiência e conhecimento aos projetos”, conclui Yan.
