A atividade comercial no Rio de Janeiro enfrenta uma série de obstáculos que comprometem sua competitividade e sustentabilidade. É o que revela o estudo “Os Gargalos do Comércio”, elaborado pelo Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e pelo Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio).
A pesquisa aponta onze entraves que dificultam o crescimento do setor, entre eles:
- elevada carga tributária,
- encargos trabalhistas,
- alto custo de aluguéis,
- excesso de burocracia,
- dificuldades de acesso ao crédito,
- insegurança jurídica,
- concorrência desleal com a informalidade,
- custos com tecnologia,
- instabilidade econômica,
- baixa qualificação da mão de obra
- deficiências na infraestrutura urbana.
“O comerciante enfrenta inúmeras barreiras, circunstâncias que somente podem ser superadas pela resiliência em manter seu estabelecimento. O estudo mostra como é difícil empresariar num país marcado por desigualdades regionais, concentração de renda e um forte peso do Estado sobre as regras e a carga fiscal”, destaca Aldo Gonçalves, presidente do CDLRio e do SindilojasRio.
Assinado pelo assessor econômico Antonio Everton, o trabalho ressalta a importância estratégica do comércio como elo entre produção e consumo. Em 2024, o setor representou cerca de 10,4% do PIB, com valor estimado de R$ 1,219 trilhão. O levantamento também critica o modelo de substituição tributária do ICMS, que sobrecarrega o capital de giro e compromete o fluxo de caixa das empresas.
“A complexidade do sistema tributário impacta diretamente na gestão operacional. Com a efetivação da reforma tributária, espera-se que a substituição tributária deixe de existir, aliviando um dos principais fatores de desequilíbrio financeiro para os lojistas”, explica Everton.
Além da análise dos gargalos, o estudo propõe alternativas para enfrentamento dos desafios. Entre as sugestões estão a busca por consultoria especializada, apoio de órgãos de classe, formação de cooperativas e o investimento em planejamento estratégico.
O estudo pretende servir como base para a discussão de políticas públicas e ações empresariais que visem à recuperação e ao fortalecimento do comércio formal, considerado essencial para o desenvolvimento econômico e social do município.
Não se fala em reduzir imposto, ainda mais no governo do amor, mas os estados e municípios também querem meter a mão em tudo que for possível, o Estado aproveitou a onda do amor e subiu o ICMS, já a prefeitura há muitas décadas nunca se falou em reduzir ou acabar com impostos, nunca fez parte de nenhum plano de governo, mas o mundo moderno exige: com a informatização tem que reduzir a máquina pública, acabar com os cargos comissionados, extinguir secretarias inúteis e superintendências fantasmas, a prefeitura devia ficar com 5 ou 6 secretarias no máximo, o resto tem que terceirizar, se a prefeitura gastasse somente 10% das receitas correntes líquidas com funcionalismo público o Rio seria melhor que muitas cidades européias.
Nem todos os tópicos apontados são diretamente relacionados ao Rio de Janeiro em si. Na verdade, boa parte é a nível federal e alguns até privados.
Valores de aluguéis são uma questão particular, visto que o proprietário cobra o quanto quiser/puder/valer.
Pura choradeira, se ainda estão “resilientes” é por que o consumidor subsidia. Se não, não existiriam lojas.
11 pontos do estudo merecem comentário:
elevada carga tributária: embora muito do comércio de pequeno porte esteja enquadrado em regimes de estimativa (ICMS) e simplificação (ME,Simples).
encargos trabalhistas: muito disso custeado com ofertas de vagas de baixa remuneração, jornadas excessivas e precarização para manter apenas “multitarefas” que vendem, recebem, carregam e descarregam e até serviços de limpeza o comerciário tem que fazer.
alto custo de aluguéis: o custo do ponto valoriza o comércio, é benefico ao lojista que pode cobrar “pela imagem” e é repassado ao consumidor. Porém, quanto vivemos o clima de “se tá caro não compra” o caminho é o pequeno desistir.
excesso de burocracia: dificuldade também vende facilidades, através de práticas não recomendadas, como manter as operações de compras e vendas sem nota => registro => tributação e remunerações “por fora”. reduz encargos e custos contábeis e legais.
dificuldades de acesso ao crédito: Se for de créditos de investimento e bens de capital, ok. Linhas menores, como antecipação de recebíveis (risco sacado) são liberadas por qualquer operadora de maquininha. É para o grande e pro pequeno, que podem repassar no preço.
insegurança jurídica: talvez o ponto de maior dificuldade, as associações patronais deveriam incentivar lideranças que olhem pro desenvolvimento em vez de reservas de mercado.
concorrência desleal com a informalidade: é também ponto sensível, mas com a administração municipal e estadual fazendo de conta que ordenam a cidade e a zona corre solta. O informal vira estado.
custos com tecnologia, mas se bem aplicada, reduz e otimiza custos. Recebimentos por cartão e pix só existem com a mesma tecnologia reclamada.
instabilidade econômica, ai não dá pra resolver. Escolhem e incentivam lideranças errado e elas fazem besteira, como uma reforma tributária que aumenta imposto em vez de reduzir.
baixa qualificação da mão de obra: A classe empresarial também tem culpa por só querer trabalhador pronto e não estimular o primeiro emprego. Custeiam associações como SENAC e SESC (valores pagos na folha). Criem um fluxo de processo para formar e aproveitar mão de obra.
deficiências na infraestrutura urbana. Ai voltamos as administrações públicas. Orientar mal a logística com subsídio ao carro particular pra receber IPVA e de combustíveis, sem contas as reservas de mercado concedidas a concessionárias para retirar mobilidade, como ocorre no Centro e Zona Sul.
Resultado: uma peça de roupa tem custo material de R$ 10 e é vendida por R$ 100. E o cliente paga feliz.
O pequeno comerciante é punido para que o grande produtor e grandes grupos empresariais tenham benesses e vida boa. Quanto maior a empresa é, mais vida mansa ela tem proporcionalmente.
O sonho do pequeno empresário é se tornar gigantesco. Não vai rolar não…