Estudo aponta dificuldades de jovens em comunidades do Rio

Resultados apontam problemas no acesso à educação, muitos jovens fora da escola e um alto número de moradores que já foram vítimas de discriminação. Apesar disso, eles têm se destacado no combate ao coronavírus e ajudado a dar visibilidade a pautas relevantes.

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Foto: DonnaBow

Um estudo realizado em 13 comunidades da Zona Norte do Rio apontou as dificuldades que os jovens encontram no acesso à educação. Os resultados revelaram que 71% dos jovens entre 15 e 29 anos da região acreditam que a oferta de ensino na comunidade não atende às necessidades dos moradores. Mas mesmo sem acesso à educação de qualidade, às tecnologias e convivendo com a violação dos direitos civis, os jovens do Complexo do Alemão têm feito a diferença no combate da Covid-19 nas áreas de favelas e periferias.

Dados do Censo Demográfico revelam que 27% dos jovens entre 15 e 17 anos que moram no Alemão estão fora das escolas e 21% já trabalham. E os que frequentam a escola não encontram laboratório de informática, nem bibliotecas, ou seja, não contam com estrutura e atendimento adequados para a garantia de uma educação inclusiva. Além disso, até o final do estudo, dos 648 professores que trabalham nas escolas locais, apenas um havia realizado formação continuada nas temáticas gênero e diversidade sexual, e dois nas temáticas história e cultura afro-brasileira e africana.

Enquanto o impasse da volta às aulas é tema de debate por todo o país, o cenário para muitos jovens é o da falta de acesso à educação de qualidade e às tecnologias, além de ter que conviver com a violação dos direitos civis. Segundo os resultados de uma pesquisa inédita do Ibase (Ibase – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) que entrevistou 2 mil moradores maiores de 15 anos, 69% dos jovens do Complexo do Alemão já sofreram ou conhecem quem sofreu violência de agentes do estado, e 60% dos entrevistados entre 15 e 29 anos afirmaram que já sofreram ou conhecem quem tenha sofrido discriminação em virtude de sua raça/cor, condição financeira, religião ou por questões de gênero (pelo fato de ser mulher ou ser trans).

Para Bianca Arruda, pesquisadora do Ibase que participou do estudo, apesar de todas essas adversidades, são esses jovens que contribuem vigorosamente para dar visibilidade às pautas da população, realizando denúncias de violações de direitos e encaminhando diálogo com instituições defensoras de direitos humanos e parlamentares. São esses jovens, também, que estão realizando ações para o enfrentamento dos impactos da Covid-19 e da grave recessão econômica nas áreas de favelas e periferias, informando a população e participando de iniciativas sociais.

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Outro assunto que teve destaque no estudo foi o acesso à internet, que desde 2016 é considerado pela Organização das Nações Unidas como um direito humano básico. A pesquisa apontou que 76% dos jovens entre 15 e 29 anos acessam diariamente a Internet por smartphone, mas sem conexão adequada, por exemplo, para aulas online já que somente 19% possui smartphone próprio e 47% rede wi-fi na residência, tornando mais difícil o acesso à informação.

O estudo “Juventude em Movimento”, realizado durante todo o ano de 2019 e o primeiro trimestre de 2020, contemplou as favelas Adeus, Alemão, Alvorada, Baiana, Fazendinha, Grota, Loteamento, Matinha, Mineiros, Nova Brasília, Palmeiras, Pedra do Sapo (Esperança) e Reservatório, e foi realizado pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) em parceria com o Instituto Raízes em Movimento, organização não-governamental com forte atuação no Complexo do Alemão. O trabalho foi financiado pela organização canadense International Development Research Centre (IDRC), que apoia estudos sobre juventudes em todo o mundo.


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