Estudo da Uerj investiga agravamento de transtornos alimentares durante a quarentena

A professora Cristiane Marques Seixas, coordenadora do estudo, relata que diversos aspectos da pandemia impactam o emocional

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Há uma preocupação com o crescimento do número de obesos após o confinamento | Foto: Ketut Subiyanto no Pexels

O isolamento social e o medo do novo coronavírus trouxeram novos questionamentos em relação a temas como depressão e ansiedade, motivando a realização de diversas pesquisas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Entre elas, o estudo coordenado pela professora Cristiane Marques Seixas, do Instituto de Nutrição, que começou a interrogar o impacto psicológico do período de confinamento em pessoas portadoras de transtornos alimentares e obesidade.

A pesquisa ”Obesidade e transtornos alimentares: interfaces entre o campo da Alimentação e Nutrição e as abordagens psicológicas e psicanalíticas” foi contemplada com financiamento pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Os resultados serão divulgados no segundo semestre de 2021. 

Segundo a coordenadora, o objetivo é promover uma pesquisa de cunho teórico e extensa revisão de literatura para investigar a interface entre nutrição, psicologia e psicanálise, buscando entender essa relação de uma forma não simplificadora. Além disso, a metodologia contempla ainda a realização de oficinas, com o propósito de interrogar a abordagem feita em filmes sobre os transtornos alimentares e a obesidade.

Um dos questionamentos, por exemplo, é a utilização de práticas como a Nutrição Comportamental e o Comer com Atenção Plena, Mindful Eating, para o tratamento de distúrbios alimentares.

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“Em termos de resultados, as teorias de origem comportamental vêm sendo incorporadas no campo da alimentação e nutrição. A princípio parecem ter uma aplicação simples, mas no âmbito da psicologia verificamos que são muito complexas, não levando tão diretamente ao objetivo esperado quanto pode parecer num olhar superficial”, afirma a psicanalista.

Conforme Seixas, o medo de uma doença desconhecida, o desemprego, o aumento da sensação de desamparo, a ansiedade, a tristeza relacionada ao isolamento social e a perda de um cotidiano estruturado impactam o emocional de todos.

Muitos pacientes com distúrbios alimentares possuem, como válvula de escape, o hábito de cozinhar para familiares e amigos. Como uma das sequelas da Covid-19 é a perda de olfato e paladar, pode-se supor que este seja um fator complicador no futuro”, afirma. 

A professora integra o Núcleo de Estudos sobre Cultura e Alimentação e trabalha com a hipótese do crescimento do número de obesos após o confinamento, com o maior consumo de alimentos industrializados.  Para ela, esse quadro gera preocupação no contexto da Covid-19 já que outros estudos, como o publicado na revista especializada “European Journal of Endocrinology”, confirmam que o risco de desenvolver uma versão mais grave da doença é ampliado em pacientes com obesidade.

Um outro estudo do Instituto de Nutrição vai avaliar a influência da mídia nos hábitos alimentares infantis. O objetivo é dimensionar o impacto que os anúncios em televisão e internet têm no consumo, especialmente entre crianças de 7 a 10 anos e seus familiares.

A pesquisa está sendo organizada por graduandas do curso. Se seus filhos estão dentro da faixa etária em foco, pode colaborar preenchendo o formulário eletrônico. O questionário é anônimo e só leva alguns minutos para responder.

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