Estudo mostra queda de Coronavírus no esgoto do RJ no começo de abril

Após elevação da média móvel de 14 dias durante sete semanas, os recentes resultados apontam para um recuo da concentração viral presente nos esgotos

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Reprodução: Internet

Parceria firmada entre a Cedae e outros órgãos do estado para monitorar a concentração de SARS-COV-2 (o novo coronavírus) nos esgotos da Região Metropolitana do Rio, o estudo “Monitoramento espaço-temporal da concentração de SARS-COV-2 nos esgotos sanitários da Região Metropolitana do Rio de Janeiro como estratégia de apoio de ações de vigilância epidemiológica da COVID-19” mostra uma reversão de tendência nos últimos 14 dias da pesquisa. A divulgação da Semana Epidemiológica 14 (29/03 a 05/04) indica que após elevação da média móvel de 14 dias durante sete semanas, os recentes resultados apontam para um recuo da concentração viral presente nos esgotos.

grafico 1 Estudo mostra queda de Coronavírus no esgoto do RJ no começo de abril
Evolução da semana 24
grafico 2 Estudo mostra queda de Coronavírus no esgoto do RJ no começo de abril
evolução da semana 22
grafico 3 Estudo mostra queda de Coronavírus no esgoto do RJ no começo de abril
Evolução da semana 23

A partir da semana 17, os resultados do estudo mostraram incremento da presença do vírus nas estações Leblon, Alegria, Barra da Tijuca, Penha, Ilha do Governador, São Gonçalo, Sarapuí e Vargem Grande. Entretanto, os últimos resultados apontam para alteração da tendência anteriormente observada, o que pode, em princípio, ser atribuído aos primeiros reflexos das medidas de isolamento social adotadas pelos governos municipal e estadual do Rio de Janeiro, com a antecipação de feriados, fechamento de comércio, serviços e redução da circulação de pessoas. Nos mapas abaixo, é possível observar a diferença entre os resultados das semanas 23 e 24.

Enquanto a predominância da cor vermelha indicava para a semana 23 o aumento de 15% da média móvel da concentração viral em relação ao resultado da quinzena anterior, a predominância da cor verde na semana 24 reflete, contrariamente, a redução de 15% da média móvel da concentração viral em relação ao resultado da quinzena anterior. A cor amarela expressa a estabilidade da situação da quinzena anterior.

Mapa 1 Estudo mostra queda de Coronavírus no esgoto do RJ no começo de abril
Mapa 2 Estudo mostra queda de Coronavírus no esgoto do RJ no começo de abril

Dentre os destaques na detecção de SARS-CoV-2 em 23 semanas de monitoramento (incluido a semana 22 de monitoramento, equivalente a semana epidemiológica 13, correspondente amostras de 22/03/21) estão a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Barra da Tijuca, que acusou maior índice de detecção positiva, em 96% das semanas; e a ETE Vargem Grande, com o menor índice, 71%.

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Tabela 1 1 Estudo mostra queda de Coronavírus no esgoto do RJ no começo de abril

Considerando a evolução dos registros epidemiológicos da Covid-19 na área de cobertura do Estudo Monitora Corona, o nítido aumento da concentração de SARS-CoV-2 nos esgotos sanitários nos pontos de monitoramento serve como importante indicador do potencial de aplicação da ferramenta Epidemiologia Baseada nos Esgotos como instrumento para a vigilância e o controle da Covid-19”, comentou Isaac Volschan Jr, do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Drhima) da Escola Politécnica da UFRJ, responsável pela coordenação executiva do estudo.

O objetivo do estudo é servir de ferramenta de vigilância epidemiológica para subsidiar o estado na adoção de políticas públicas e medidas preventivas contra a Covid-19. De acordo com os técnicos, os dados são como um “PCR via esgoto”, traçando uma mancha da contaminação como um paralelo dos testes individuais. Por meio da análise das amostras, é possível identificar a presença do material genético (RNA) do vírus e medir a carga viral em cada bacia e, assim, favorecer tomadas de decisão mais localizadas.

Marcelo Araújo, pesquisador da ENSP/Fiocruz, destaca que os resultados do monitoramento do vírus no esgoto antecipam, em alguns dias, os dados das notificações dos casos confirmados identificados pelo sistema da Vigilância Epidemiológica. “Isso permite a preparação da estrutura de saúde para o atendimento da população, assim como, alerta as autoridades municipais para o acirramento das medidas de distanciamento social”, explicou. As coletas, que tiveram início em setembro, são efetuadas semanalmente por técnicos da UFRJ, com o apoio dos agentes da Cedae, analisadas nos laboratórios da UFRJ e seus resultados são interpretados pela Fiocruz e pelos especialistas da SES.

Miguel Fernández, presidente da ABES-Rio, entidade responsável pela divulgação dos resultados do monitoramento, comentou: “Estamos muito orgulhosos de ver o avanço desse estudo. Ele nasceu dentro da ABES-Rio, de uma proposta da presidência da Cedae de se formar uma parceria inédita entre grandes instituições. O desafio é muito grande, pois trata-se de um trabalho de pesquisa, fronteira do conhecimento científico mundial. A nossa expectativa é que os resultados obtidos ajudem os tomadores de decisão de nosso estado sobre ações de combate ao novo coronavírus”.

Ampliação dos pontos de coleta

O WBE (sigla para Wastewater-Based Epidemiology ou “epidemiologia com base em águas residuais”) é uma metodologia já utilizada para monitorar outros fatores que impactam a saúde da população. Para organizar o estudo, o grupo gestor dividiu inicialmente a Região Metropolitana em bacias e definiu pontos iniciais para coleta de amostras de esgotos: as ETEs Alegria, Barra da Tijuca, Penha, Pavuna, Sarapuí, São Gonçalo, Ilha do Governador e Vargem Grande e as elevatórias Leblon e André Azevedo, que compreende os bairros do litoral desde o Centro até Copacabana.

Em abril, o monitoramento completa seis meses com proposta de ampliação: além dos 10 pontos que desde setembro vêm servindo de base para a análise do comportamento do coronavírus nas fezes das pessoas infectadas por meio do esgoto, outros pontos serão definidos e adicionados na próxima fase da pesquisa. A previsão é instalar os amostradores automáticos que coletam esgoto a cada hora em regiões menores, e o critério de escolha do local será o ponto de vista da saúde pública, da vigilância e operacional.

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