A advogada Eunice Paiva, personagem central do filme “Ainda Estou Aqui” será reverenciada com a Medalha Tiradentes post mortem. Nesta quinta-feira (13), o plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, em discussão única, o Projeto de Resolução 1.170/25, de autoria original da deputada Dani Monteiro (PSol).
A medalha é a maior honraria concedida pela Alerj. A matéria será promulgada pelo presidente da Casa, deputado Rodrigo Bacellar (União) e publicada no Diário Oficial do Legislativo.
Em seu discurso, a deputada Dani Monteiro, que também é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, ressaltou que a homenagem é um reconhecimento da luta da advogada pela memória do marido, o deputado Rubens Paiva, que foi sequestrado, torturado e morto no governo militar. Eunice também se destacou pela sua atuação em defesa dos direitos humanos e dos povos originários.
“Ela foi uma mulher, lutadora, mãe, esposa e, infelizmente, viúva. A ditadura deixou marcas em diversas famílias, como a de Eunice. Do luto nasce a luta. Uma mulher que usou todos os anos restantes da sua vida para lutar por memória e justiça. Eunice foi uma grande defensora dos povos originários de nosso país. A homenagem não é apenas pelo luto de uma família, mas pela luta do povo brasileiro e pela dignidade”, disse Dani Monteiro.
O deputado Carlos Minc (PSB),que foi preso político no período, afirmou que é preciso lembrar as arbitrariedades cometidas naquele período histórico.
“Eu conheci alguns personagens do filme ‘Ainda Estou Aqui’. Tive a infelicidade de conhecer os cárceres da ditadura. Pessoas que negam isso precisam ter conhecimento do que aconteceu. Trago no corpo as marcas da tortura, não tenho ressentimento e nem guardo ódio, mas é preciso sempre lembrar”, disse o ambientalista, emocionado.
Já o deputado Luiz Paulo (PSD), que também sofreu as consequências do período, comentou: “Em 1966, eu era estudante de engenharia. Muitos que se indignaram contra a ditadura sumiram e os corpos jamais apareceram, foram brutalmente assassinados. A senhora Eunice Paiva é uma heroína, que junto à sua família resistiu aos tenebrosos tempos da ditadura. Esse tema é absolutamente relevante para mostrar à sociedade brasileira o valor da democracia. Ditadura nunca mais”.
Símbolo da luta
Eunice Paiva teve papel fundamental na busca por informações sobre o paradeiro o marido, o deputado Rubens Paiva, desaparecido político, assassinado na Ditadura Militar (1964-1985).
A viúva, fez graduação Direito, atuando como advogada em causas sociais, políticas e humanitárias, incluindo a defesa dos povos indígenas.
O filme ‘Ainda Estou Aqui’ venceu o Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional. A película também foi indicada nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz para Fernanda Torres, intérprete de Eunice Paiva.