Entre os pacientes que ocupam hoje os 84 leitos do Municipal Raphael de Souza Paula (HMRSP), em Jacarepaguá, 20 deles são portadores do vírus HIV. O perfil dos pacientes atendidos nesta unidade é basicamente pessoas em situação de rua e dependência química, extremamente vulneráveis.
Em geral, eles chegam à unidade muito debilitados, com quadro de desnutrição avançada, sendo indispensável o uso de suplementação hipercalórica e hiperproteica.
No Dezembro Vermelho, mês mundial de combate à AIDS, fomos ouvir a chefe da Nutrição da unidade, Verônica Rodrigues, uma das participantes da palestra HIV e Nutrição, que o hospital promove na próxima quinta-feira, dia 12;
Doutora, como é a alimentação oferecida aos pacientes com AIDS internados no Hospital Raphael de Paula Souza?
Uma dieta hiperproteica. Café da manhã, almoço, lanche, jantar, precisa ter sempre uma fonte de proteína. Quais são essas fontes de proteína? Os laticínios, leite, queijo, iogurte, ovos, carne, frango, peixe, tudo isso é fonte proteica. E também precisa oferecer um maior aporte de vegetais e frutas. Quanto mais colorido estiver, melhor, pois isso significa uma maior quantidade de vitaminas, minerais e antioxidantes. Os vegetais não têm essa variedade enorme de cores à toa. O vermelho tem o licopeno; os amarelados, o betacaroteno; os roxos, antocianina. Tudo isso são substâncias antioxidantes que ajudam a combater o estresse oxidativo desses pacientes
Isso é o bastante para reverter o quadro de desnutrição que muitas vezes os pacientes chegam?
Essas pessoas muitas vezes não conseguem reverter o quadro de desnutrição apenas com alimentação, elas precisam de suplementação. E aí, assim, a gente pode utilizar uma suplementação hipercalórica e hiperproteica, tipo em pó, que as pessoas conseguem comprar em supermercados e farmácias, tipo Sustagem e Nutreem, isso ajuda a recuperar o peso. Mas às vezes isso também não é suficiente, principalmente nos casos já caquéticos, porque quando se chega a esse estágio, outras doenças oportunistas aparecem.
Neste caso, o que é feito?
Neste caso, quando os suplementos em pó também não são suficientes, a gente utiliza suplementos extremamente hipercalóricos e hiperproteicos. Para você ter ideia, cada garrafinha de apenas 125 ml contem de 300 a 400 kilocalorias e 20 gramas de proteína. Então eu estou dando um aporte a mais, além da alimentação de 600 a 800 kilocalorias e 40 gramas de proteína. De proteína, isso é um aporte muito grande e aí eu consigo com isso restabelecer esse quadro nutricional desse paciente.