Expatriados e Pandemia em exposição de Cocco Barçante no CCC

A mostra de Coco Barçante ocupa três ambientes do Centro Cultural Correios, onde pode ser visita a partir de 15 de julho

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Foto: Alex Martins

O artista visual e estilista Cocco Barçante consolidou, em mais de 40 anos de carreira, fortes laços com o território ocupado por ele – seja o espaço geográfico ou mesmo o afetivo. Dessa relação saíram criações que ganharam vulto em eventos de moda ou em mostras de arte. Recentemente, inquieto-se com a situação dos expatriados, que deixam para trás sua terra (e referências) e, enfrentado condições precárias, chegam a países desconhecidos. Irrequieto, viu ali a mola propulsora para novas criações – ou “coleções”, como prefere chamá-las.  A ideia era mostrar o novo trabalho em 2020, mas o novo coronavírus ganhou o mundo, ceifou vidas e adiou todos os planos. Os novos paradigmas trazidos pelos protocolos sanitários levaram o artista a ampliar a proposta inicialmente pensada. E, fechado (literalmente) na casa de Cultura que leva seu nome, em Petrópolis, deu tratos a “Territórios afetivos”, sua 31ª mostra, que ocupa o Centro Cultural Correios, onde ele volta pela segunda vez a expor no dia 15 de julho. A exposição tem curadoria da professora Lucimar Cunha, coordenação pedagógica do professor Paulo Antônio Igreja e pode ser visitada até 28 de agosto. 

Muitas das idéias que povoam o imaginário do artista surgem de conversas com amigos. Da ativista cultural Marilena Garcia veio a sugestão de uma obra que refletisse a falta que fazem os abraços – bens que nos foram confiscados nesses tempos. E ali pelo início da pandemia, começou a ganhar forma um painel no qual a palavra abraço está escrita com letras de pano de diferentes tamanhos e fontes, suscitando também a leitura de suas corruptelas como “ar” e “abra”, numa alusão ao verbo abrir. No centro da obra, um texto da poeta Maria Vasco. O Painel Abraço ocupa a primeira das três salas da mostra, intitulada Mosaico Afetivo. Nela, o público encontra também 300 fotos em preto e branco, estampadas em tecido, de pessoas em posição de dar ou receber um abraço. Às fotos foram acrescidos detalhes bordados por algumas das 36 artesãs de cidades como Nova Iguaçu, Macaé e Itaperuna que colaboram com o artista desde o ano 2000. Os retratados são parentes, colaboradores e amigos (alguns famosos como Isabelita dos Patins e a atriz Mônica Martelli), todos ligados a Cocco.

No espaço que criou em Petrópolis, o Museu do Artesanato do Estado do Rio de Janeiro – o primeiro do estado voltado ao tema, aliás –, Cocco mantém o hábito de plantar mudas em sapatos velhos. A ideia não só cresceu (a ponto de espalhar-se pelo terreno) como inspirou a instalação que ocupa Meu Brasil, nosso Brasil, a segunda sala da mostra. Ali, um imenso mapa do Brasil de 3m de altura é preenchido por mais de 50 pés de sapatos.   Com essa obra o artista questiona nossa trajetória enquanto cidadãos da pátria onde nos inserimos da mesma forma que no planeta que ocupamos. E, com isso, joga luz também sobre os refugiados e as relações com as fronteiras que delimitam os territórios mundo afora.

O fascínio de Cocco Barçante pelo Rio de Janeiro é antigo e notório. Um exemplo é o projeto “Sentimentos do Rio”, criado por ele no ano 2000 e ao qual dedicou-se por dez anos. Rio de Janeiro, Diversidade é o nome da terceira e última sala da mostra.  Nela o artista reflete sobre uma região que, ao longo do seu desenvolvimento econômico,  já driblou percalços e enfrenta ainda mazelas egressas de uma desigualdade social histórica. E expõe, portanto,  obras criadas com técnicas desde artesanais, como o bordado, a outras oriundas do uso de ferramentas e aparelhos tecnológicos. E ele mostra ter um olho na tradição e outro na inovação, justo como o estado por ele reverenciado. E como ele próprio se relaciona com seu fazer artístico, esse ofício no qual  escolheu perseverar.

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Ofício no qual ainda persevera. Cocco Barçante tinha apenas 14 anos quando, em 1977, participou da sua primeira mostra de arte – e justo na Academia Brasileira de Letras (ABL). De lá para cá, esse artista trilhou um caminho próprio, permitindo-se o uso de técnicas que fazem do seu estilo mais do que autêntico: único. Se alguém ainda duvida disso, que vá ao Centro Cultural Correios tirar a prova. 

Ficha técnica:
Territórios afetivos
Artista: Cocco Barçante
Curadoria: Lucimar Cunha
Coordenação pedagógica: Paulo Antônio Igreja
Equipe de montagem: Anderson Portugal, Fabiano Miranda, Ivan Duque e Vilmar Soares

A mostra conta com os seguintes apoiadores: Quipo Tech, Faeterj Petrópolis, Faetec, Fundação de Desenvolvimento Agro Socioambiental do Espírito Santo (Fundagres Inovar), Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ, União Macaense Solidária no Combate do Câncer de Mama (Unamama) e Museu do Artesanato do Estado do Rio de Janeiro

Serviço:
Abertura para convidados: 15 de julho
Visitação: 16 de julho a 28 de agosto
Local: Centro Cultural Correios (R. Visconde de Itaboraí, 20, Centro do Rio de Janeiro. Tel: 2253-1580)
Dias e horários: de terça a sábado, do meio-dia às 19h
Entrada franca

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