Farmácias do Rio vendem testes para Coronavírus ilegalmente. Especialistas dizem que resultados são imprecisos

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Foto: Márcia Folleto

Algumas drogarias do Rio estão comercializando testes rápidos para a Covid-19 mesmo sem o Ministério da Saúde ter um protocolo definido para o uso em estados e municípios brasileiros. O Conselho Regional de Farmácia do Rio diz que a aplicação dos testes pelos estabelecimentos é ilegal, e a Vigilância Sanitária estadual aguarda regulamentação federal.

Em uma farmácia do Leblon, segundo bairro da Zona Sul carioca que concentra o maior número de casos da doença, ficando atrás apenas de Copacabana, o teste é vendido por R$ 250. Especialistas contestam a eficácia dos resultados dos exames. O risco é de um “falso passaporte” de imunidade. Quem faz o teste sozinho pode concluir, equivocadamente, que tem anticorpos e está livre do vírus, quando, na verdade, há risco de estar contaminado e também disseminar a doença ao circular sem preocupação pelas ruas.

Ao todo, são 33 tipos diferentes de exames autorizados pela Anvisa. Segundo a Vigilância Sanitária, o Estado do Rio não tem regulamentação para a venda dos testes rápidos em farmácias. Os exames não detectam o Coronavírus, mas os anticorpos produzidos pelo organismo (IgM e IgG). A procura é grande, mas a oferta ainda é pouca em razão da origem dos kits, a maior parte vinda do exterior.

Os primeiros kits chegaram no último sábado (11/04), segundo um atendente que trabalha no estabelecimento da Zona Sul. O cliente faz o pedido por telefonee  e um enfermeiro da farmácia vai até a residência fazer o exame.

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Em uma farmácia da Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste que reúne o maior número de notificações confirmadas da doença em todo município do Rio, há 500 pedidos de kits já reservados por clientes. O gerente da drogaria conta que espera a entrega dos testes pelos fornecedores há uma semana. A maior procura, segundo ele, é de profissionais de saúde. A previsão é que os kits custem  de R$ 350 a R$ 390.

De acordo com a Vigilância Sanitária do município, a venda de testes está restrita à rede hospitalar:

O procedimento é irregular e deve ser denunciado à central 1746 para que a fiscalização seja acionada”.

Uma análise de um laboratório particular, encomendada pelo Ministério da Saúde, indicou que há 75% de chance de erro em resultados negativos para o novo coronavírus, enquanto a probabilidade de um falso positivo é de 14%. Com menos de 30% de sensibilidade para os casos negativos, a possibilidade de uma pessoa com esse resultado ter contraído o coronavírus e o transmitir sem saber é grande. Além disso, os falsos negativos levam a um achatamento falso da curva de crescimento da epidemia.

Esse tipo de teste tem baixa sensibilidade e especificidade. Se for positivo, pode indicar exposição prévia. E não sabemos se esses anticorpos seriam protetores e eficientes contra o coronavírus. Se for negativo, pode ser um falso negativo. O risco desses testes é que podem permitir a circulação de portadores assintomáticos — explica o oncologista e hematologista Daniel Tabak.

Umas das vantagens do teste rápido é identificar profissionais de saúde e de outras profissões de risco que tenham contraído Covid-19 há mais tempo e já estejam sem sintomas. Eles vão positivar, o que indica que, em tese, não terão mais a doença, pois têm anticorpos de proteção do tipo IgG, e poderão trabalhar. Para o pesquisador da Fiocruz Manoel Barral, os testes rápidos só são eficientes quando feitos em grandes grupos:

São testes de baixa capacidade de identificação. Têm utilidade para verificar resposta imune de certo grupo. Individualmente, mesmo quando positivo, o valor do resultado é muito baixo.

As informações são do jornal O Globo.



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1 COMENTÁRIO

  1. E por que as autoridades não apreendem os testes se não são regulamentados e podem causar mais problemas do que contribuir para o combate à pandemia?
    Só pode ter alguém ganhando dinheiro aí hein

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