Felipe Lucena: Crivella se encontrou ‘politicamente’

Depois de tantas alianças e apoios, Marcelo Crivella parece ter se achado ao lado do bolsonarismo mais radical

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Marcelo Crivella fazendo flexões (Foto: Reprodução Lauro Jardim)

“Eu, que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando, foi justamente num sonho que ele me falou”, creio que Raul Seixas, anarquista que era, não iria gostar muito de ver uma frase de uma música sua em um texto sobre a trajetória política de Marcelo Crivella. No entanto, acho que o verso versa bem com a ideia do artigo, pois Crivella (que já esteve com governos e políticos de esquerda, centro, centrão e direita), no desejo de se manter prefeito da cidade do Rio de Janeiro, se encontrou politicamente no bolsonarismo mais boçal, radical e nocivo a valores democráticos. 

Independentemente de qual fosse o resultado desta eleição de 2020, Marcelo Crivella revelou (ou confirmou) nesta campanha que está em casa nas ideias da direita tosca brasileira e mundial. As fake news, os ataques rasos e baixos aos adversários, as práticas nebulosas o atrelam ao que há de pior na política nacional.

Crivella ter sido ministro de governo petista, apoiado Geraldo Alckmin, Michel Temer, entre outros, está longe de ser o pior de sua carreira política. Esses fatos só mostram que ele é uma espécie de biruta de aeroporto e vai para onde está o vento político da vez, sendo um instrumento para voos da Igreja Universal do Reio de Deus (IURD), que tem um claro projeto de poder. Na Terra e no céu.

Quando se aproximou de Bolsonaro, Crivella queria ganhar a eleição, mas acabou achando, enfim, uma corrente ideológica para se prender sem o menor pudor. Com prazer e franca identificação, inclusive. Vale lembrar algumas decisões da Prefeitura de Crivella como a censura de livros na Bienal, os ataques ao carnaval e, mais recentemente, declarações preconceituosas com a comunidade LGBTQI+ e religiões de matrizes africanas. Falam as mesmas línguas.

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Analisando o caminhar político de Marcelo Crivella fica fácil notar que ele já era um bolsonarista antes mesmo do bolsonarismo ganhar destaque e eleições nacionais. Encontrou-se onde sempre esteve e o futuro que lhe espera é ser um parlamentar de nicho, abraçando com força pautas reacionárias e, por vezes, ataques a inveções mentirosas – como ideologia de gênero, kit gay e afins.

Por que coloquei o “politicamente” entre aspas no título deste artigo de opinião? Porque o que Crivella fez em momentos específicos de seu governo e, principalmente, durante a campanha de 2020 foi tudo, menos política.

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