Felipe Lucena: Põe a mão na cabecinha, Witzel

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A política de segurança do governo Wilson Witzel nas favelas do Rio de Janeiro não é muito diferente do que já é feito há décadas. A diferença é que agora temos um governador que expõe a ideia abertamente, defendendo o “tiro na cabecinha”, ou jogar um míssil na Cidade de Deus, como ele mesmo declarou.

É um roteiro repetido: a Polícia (único órgão do estado que sobe os morros e entra nas comunidades) chega às favelas e os confrontos com traficantes (e às vezes milicianos) começam – e, sim, muitas vezes são os criminosos quem dão os primeiros tiros. O resultado também se repete: morre inocente, morre policial, morre criminoso e o problema continua. Na verdade, a situação piora, pois essa rotina de tiroteios deixa a vida dos moradores ainda mais difícil – como se já não bastasse a fome, a falta de serviços básicos de saneamento, habitação, saúde, educação, cultura, lazer, o desemprego…

São incontáveis os relatos de moradores de favelas sobre como é difícil estar em uma rotina em meio a disparos e mais disparos. Crianças, idosos, pessoas com deficiências, enfim, famílias inteiras tendo que viver nessa inadmissível situação, abaixadas, desesperadas, se escondendo dos próximos tiros.

É triste demais saber que o Rio de Janeiro já teve tantos mortos a tiros por consequência de uma política de segurança que já se mostrou falida. Um moleque que ia para o treino de futebol, uma menina que sonhava em ser policial, um trabalhador esperando a namorada em um ponto de ônibus, tantas crianças… Quantos mais morrerão para que o governo perceba que essas ações não vão acabar com o domínio das facções criminosas nas favelas do estado?

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Friso aqui que a Polícia é, também, prejudicada por essa política de segurança utilizada nas favelas do estado do Rio de Janeiro. Como bem disse o vereador Tarcísio Motta: “Os policiais são trabalhadores barbaramente torturados por esse sistema. E mais, sua origem geralmente é a mesma de quem morre”.

O Estado do Rio de Janeiro tem obtido acertos na segurança pública no “asfalto”. A ampliação do programa Segurança Presente, a implementação de câmeras de reconhecimento facial para ajudar a encontrar criminosos foragidos, um princípio de apoio mais intenso às importantíssimas investigações da Polícia Civil, são bons exemplos – bem diferentes do que vem acontecendo nas favelas, onde os erros se repetem.

O governador do Rio de Janeiro disse, em entrevista à Globo News, que ficou dias sem dormir quando recebeu a notícia que uma criança foi baleada em uma operação policial. Põe a mão na cabecinha, Witzel e pensa bem se esse tipo de ação vai mesmo resolver o problema do domínio dos criminosos em favelas.

Existem muitas maneiras de coibir a atuação de traficantes e milicianos, e elas passam por inteligência, tecnologia, investigação, sufocar as fontes de renda dessas facções, impedir que eles tenham acesso tão fácil às armas e drogas, reformas estruturais nos locais onde eles atuam, educação. Põe a mão na cabecinha, Witzel e repare que o que a polícia está fazendo nas favelas, com ordem do estado, não mudou em nada o cenário da violência do Rio de Janeiro em décadas. E a tendência é o problema continuar, ou até mesmo piorar. Põe a mão na cabecinha, Witzel.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Realmente “polícia está fazendo nas favelas, com ordem do estado, não mudou em nada o cenário da violência do Rio de Janeiro em décadas. E a tendência é o problema continuar, ou até mesmo piorar. Põe a mão na cabecinha, Witzel.”
    G1: RJ tem menor número de homicídios em maio desde 1991; mortes em ações policiais batem recorde, diz ISP
    ValorInveste: Seguro de carros fica mais barato no Rio (devido ao menor índice de roubos a carro).
    E tem diversas outras. Não tá perfeito, claro que é necessário trabalhar a inteligência ainda mais para evitar morte de inocentes, mas os números estão provando uma melhora sim.

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