Felipe Lucena: Por um ano de 2022 de mais vida e menos morte

O Rio de Janeiro tem muitos problemas, mas nós podemos mudar isso. Devemos

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Foto: AFP

Mais um ano que acaba. E outro que começa. Mais um ou menos um? Não tivemos um ano de 2021 fácil. Não mesmo. Muito pelo contrário. O Rio de Janeiro tem muitos problemas, mas nós podemos mudar isso. Devemos.

Fiz uma série de matérias sobre o aumento da fome em nosso estado. Problema que voltou a crescer no Brasil e nunca deixou de ser uma dor crônica em algumas partes do mundo. De acordo com dados de estudo da FGV Social são 1,7 milhão em situação de fome no RJ. Tem gente com fome. Tem gente comendo rato para sobreviver.

O desemprego é outro problema que mata, lenta ou rapidamente, nosso povo. Em 2021, o número de desempregados chegou a 1,5 milhão de fluminenses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trabalhador precisa de moradia digna. Dados do mesmo IBGE mostram que o Rio de Janeiro é a cidade brasileira com o maior percentual de sua população vivendo em favelas ou em habitações precárias: 22,03%. Isso corresponde a mais de 1,3 milhão de pessoas. Próximo a um terço do número de habitantes do município – em torno de 6 milhões.

A educação pública passa por uma crise. Faltam profissionais. Crianças, adolescentes, jovens e adultos com conteúdo atrasado. Creches, escolas e universidades com problemas estruturais. A dificuldade de projetar um futuro melhor é a negação da vida.

Talvez, nem precisasse falar sobre a saúde. Está tudo exposto. Ainda estamos em uma crise sanitária. Morreu muita gente e ainda tem gente morrendo por consequência da pandemia causada pelo Coronavírus. Vamos sair dessa, estamos saindo, com vacina e com força. Mas precisamos de melhores condições nos hospitais, UPPAs, Clínicas da Família, Postos. A vida continua e para isso é preciso estar saudável, com acesso a um bom serviço nesta área.

Falta de saneamento básico também mata. Causa doenças. Situação que se estende no Rio de Janeiro há décadas. Será que agora vai ser diferente? Vamos ver.

O modelo de segurança pública que ainda supervaloriza o conflito, o confronto, e não olha como deveria para a tecnologia, a investigação, as estratégias de inteligência mata e mata muito. Morrem inocentes, crianças, trabalhadoras e trabalhadores, quase todos pretos, pobres, periféricos. Além de profissionais da segurança pública, suspeitos e criminosos e seguimos em um estado onde precisamos sobreviver para continuar vivendo.

Todos esses problemas, e outros, podem e devem ser superados por nós. Com ações dos Poderes Públicos, da sociedade civil, dos movimentos sociais, da iniciativa privada. Se é para todos, que todos façam.

Como jornalista que cobre a cidade e estado do Rio de Janeiro e como morador desse lugar que tanto amo apesar de tantos problemas, eu desejo um 2022 de saúde, luz, amor, paz e vida para todos e todas. Chega de morte. Chega de sobrevivência. Precisamos viver. E viver bem. Todos. Todos mesmo. Não só uma minoria dita poderosa.

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