Fiocruz produzirá 110 milhões de vacinas no segundo semestre

Em reunião na Câmara dos Vereadores, representantes dos setores ligados a fabricação de medicamentos alertaram para excessiva dependência da China

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Vacinação no RJ teve início após ato simbólico no Cristo Redentor - Foto: Reprodução

Representantes da Fiocruz e da indústria de química fina e biotecnologia participaram de reunião, nesta quinta-feira (28/1), com a Comissão de Representação criada para promover o desenvolvimento econômico e tributário, visando a recuperação e o equilíbrio das finanças da cidade. Durante a reunião, representante da Fiocruz anunciou que o instituto produzirá 110 milhões de doses de vacina contra Covid-19 a partir do segundo semestre deste ano e que, nos próximos quatro anos, será construído um novo complexo em Santa Cruz para quintuplicar a capacidade de produção do órgão

A vice-presidente de Gestão e Mercado da Bio-Manguinhos/Fiocruz, Drª Priscila Ferraz, destaca que a instituição é centenária e foi criada há 120 anos para combater a emergência sanitária provocada pela peste bubônica. Hoje, o campus de Manguinhos é referência para desenvolvimento tecnológico e produção de insumos. Segundo a Drª Priscila Ferraz, o instituto entregou 547 milhões de doses de vacinas, 35 milhões de biofármacos e 33 milhões de reações para kits de diagnósticos, somente nos últimos cinco anos. 

Entretanto, a vice-presidente esclarece que a região está condensada e a construção de um novo complexo em Santa Cruz vai ajudar a superar a atual limitação do instituto. O investimento irá quintuplicar a capacidade de produção e poderá gerar 5 mil empregos diretos e 15 mil indiretos. A licitação está prevista para fevereiro com cronograma de obra para quatro anos. 

Segundo a Drª Priscila Ferraz, para ter sustentabilidade no investimento, é preciso ter segurança e infraestrutura no entorno do polo. Ela destaca que a reunião com os parlamentares é positiva porque abre um canal de diálogo com a Prefeitura e a Câmara do Rio para encaminhar questões específicas sobre o empreendimento. 

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A vice-presidente ainda destaca que o contrato entre a Fiocruz e a Astrazenica permitirá fornecer 100 milhões de doses de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para processamento final até junho de 2021 e 110 milhões de doses de vacina a partir do segundo semestre de 2021. “Estamos em discussão um contrato de transferência de tecnologia para produzir a partir de abril deste ano os primeiros lotes de uma vacina 100% nacional“, afirma.

O vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (ABIFINA), Marcus Soalheiro, lamenta a saída do país de mais de 1 mil empreendimentos, criando uma dependência de insumos importados, sobretudo da China. Ele afirma que a Prefeitura precisa investir na infraestrutura do distrito industrial e evitar que moradias invadam o local.

Já o coordenador e líder do Grupo de Pesquisa Sobre Desenvolvimento, Complexo Econômico Industrial e Inovação em Saúde (GIS/FIOCRUZ), Carlos Gadelha, destaca que a saúde é um vetor de geração de emprego e renda, responsável por quase 10% do PIB nacional e 9 milhões de empregos diretos. Segundo o coordenador, a crise da Covid mostrou a importância da proximidade e a dependência de seringas, frascos e outros itens importados. Carlos Gadelha ainda afirma que o produto de maior valor agregado do petróleo é a química fina, e fármacos de base química. “Nós temos a base do conhecimento na química e não podemos ficar importando para sempre esses produtos da China. A gente exporta petróleo bruto e importa medicamentos“, lamenta o coordenador.  

O chefe da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS), Chicão Bulhões, afirma que é claro o problema de infraestrutura no distrito industrial e os acidentes colocam em risco os trabalhadores locais e o meio ambiente. O secretário pretende simplificar a emissão de licenças pela Prefeitura unindo a autorização para exercer a atividade econômica, ambiental e urbanística, para gerar mais segurança e incentivar investimentos.

Para o segundo vice-presidente da Comissão, vereador Lindbergh Farias (PT), a Câmara do Rio precisa ter protagonismo para debater a arrecadação da cidade e atuar como facilitador para incentivar investimentos e chamar as empresas para o município. “Não podemos só focar no corte de despesas, nós tínhamos um estaleiro na cidade, mas houve uma redução violenta de investimentos da Petrobrás. O desmonte do setor de petróleo e gás, com certeza, provocou impactos na arrecadação municipal. O complexo de Manguinhos é o maior produtor de vacinas da América Latina e pode aumentar em até cinco vezes a sua produção. Isso é direito à vida, à saúde, é soberania nacional“, afirma. 

O relator da Comissão, vereador Pedro Duarte (NOVO), sugere visitar as comissões de saúde em conjunto com representantes outras Comissões de Representação. “Temos hoje três Comissões de Representação em curso, uma sobre enfrentamento ao coronavírus, uma de volta às aulas e esta de desenvolvimento econômico, e a participação da Fiocruz permeia essas três comissões. Sabemos que a vacinação é essencial para a volta às aulas, não há retomada econômica sem vacinação bem planejada e executada”, afirma o parlamentar, que se compromete a enviar ofícios às instituições pedindo sugestões sobre o que pode ser feito pela Prefeitura para que os investimentos tenham o melhor aproveitamento possível.

Participaram da reunião os vereadores Rafael Aloisio Freitas (CIDADANIA), presidente da Comissão, e Monica Benicio (PSOL).

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