Fundo despenca na Bolsa, venda trava e futuro do Edifício ‘Barrosão’ vira mistério no Centro do Rio

Antiga sede da Caixa Econômica, o edifício teve proposta de compra em agosto passado por R$ 120 milhões, feita por uma ONG sem histórico no mercado imobiliário

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Desde janeiro, as cotas do fundo imobiliário FAMB11, dono do Edifício Almirante Barroso, o “Barrosão”, no Centro do Rio, caíram mais de 60% na Bolsa. O valor de mercado despencou de R$ 233 milhões, no auge do ano passado, para menos de R$ 90 milhões. No meio da turbulência, a venda do prédio por R$ 120 milhões a uma ONG foi aprovada em 2024, mas nunca concluída — e agora está sendo questionada por parte dos cotistas.

A reversão do negócio foi formalizada no final do ano passado, quando dois representantes dos cotistas solicitaram ao BTG Pactual, que administra o fundo, a convocação de uma assembleia para desfazer a operação. Eles não deram nenhuma justificativa concreta. Apenas alegaram que a escritura não havia sido assinada. A indefinição tem gerado desconforto entre os investidores.

Segundo informações da coluna Capital, a falta de explicações para o veto levantou suspeitas e criou um clima de insegurança. Os próprios cotistas dizem não entender por que, depois de anos tentando vender o imóvel, o negócio foi enterrado sem maiores esclarecimentos.

Consultamos corretores para estimar o valor correto de venda do edifício. Segundo Marcos Queiroga, diretor regional da Sérgio Castro Imóveis, os imóveis no mesmo padrão têm sido vendidos em torno de R$ 1.800,00 por metro quadrado.

A proposta de venda surgiu em agosto do ano passado, feita por uma ONG chamada Vitalis – Promoção e Desenvolvimento Social. Sem histórico no mercado imobiliário e com sede em três salas comerciais na própria Rio Branco, a entidade ofereceu R$ 120 milhões pelo edifício. Apesar da surpresa, os cotistas aprovaram a venda, cansados do longo período de vacância e prejuízo.

O prédio, um dos maiores do Centro do Rio em área útil, está vazio desde 2018, quando a Caixa Econômica Federal entregou as chaves e transferiu suas operações para a Rua das Marrecas. A devolução do imóvel pela Caixa Econômica Federal ao fundo BTG Pactual não foi simples. Inicialmente, o banco deveria ter entregue as chaves em novembro de 2020, mas o fundo não as recebeu porque o edifício não estava nos padrões de devolução. Após um processo judicial e uma decisão liminar, as chaves foram finalmente entregues em março de 2021. No ano seguinte, em 2022, o térreo ganhou a loja Casas da Mamãe, que reduziu a vacância de 100% para 93%.

Localizado no número 174 da Avenida Rio Branco, o Almirante Barroso foi projetado pelos arquitetos Paulo C. Mourão, J.A. Tiedemann e Ney F. Gonçalves, e inaugurado nos anos 1950. O edifício abriga no térreo um mural do artista plástico Bandeira de Mello, pintado em 1969.

Na época do anúncio da possível venda, o DIÁRIO DO RIO já havia antecipado o interesse pelo prédio, situado a poucos metros da valorizada área da Cinelândia e colado à estação de metrô da Carioca — uma das regiões mais nobres do mercado corporativo central.

Na época, a notícia animou líderes e entidades que trabalham pela reativação comercial do Centro. Cláudio André de Castro, presidente do Conselho de Renovação do Centro da Associação Comercial do Rio, avaliou em 2024 a proposta com otimismo: “Esse edifício é um dos maiores do Centro, em metragem, e foi recentemente retrofitado. Embora o valor de mercado estimado fosse de até R$ 160 milhões, a proposta de R$ 120 milhões foi bem-vinda diante da dificuldade de locação e da necessidade de dar uma nova função ao prédio. O ideal é que seja convertido para uso residencial. O Centro precisa de gente morando, vivendo a cidade fora do horário comercial. São os moradores que trazem segurança, movimento e consumo, que ajudam a revitalizar não só o comércio de rua, mas até mesmo os escritórios que hoje estão fechados.” afirmava o empresário confiante com a proposta.

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