Gatos do Campo de Santana sofrem com abandono e maus-tratos

Subnotificações de casos e infraestrutura precária são alguns dos fatores que ampliam o problema; voluntários relatam agressões rotineiras aos animais

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Gatos no Campo de Santana
Gatos no Campo de Santana - Foto Cleomir Tavares/Diário do Rio

A história se repete mais uma vez no Campo de Santana, Parque municipal localizado no Centro do Rio. Por lá, os gatos que frequentemente são abandonados, também são vítimas da crueldade dos seres humanos que insistem em maltratar os animais que já sofrem com fome, frio e condições insalubres. Nesta semana, o vereador Dr. Marcos Paulo (Psol/RJ), presidente da Comissão de Saúde Animal da Câmara, realizou uma diligência no local.

O parlamentar teve uma reunião com a direção da Fundação em seguida procurou protetoras que atuam na colônia. Segundo ele, enquanto a direção afirmou que os casos de maus-tratos foram superados, as protetoras afirmaram que os animais continuam sendo agredidos com frequência.

O vereador relatou que a Fundação Parques e Jardins, órgão que administra o Campo de Santana, diz que os casos de animais agredidos foi superado após aumento no efetivo da Guarda Municipal que atua no local, além da ronda realizada pelo Programa Segurança Presente, que também foi ampliada.

A versão, de acordo com o vereador é contestada pelas protetoras, que mostraram ao vereador o vídeo de um gato que havia acabado de ser agredido, foi levado às pressas para uma clínica veterinária e não resistiu aos ferimentos. Segundo as voluntárias, os casos de agressão aos felinos continuam acontecendo de forma rotineira.

  • “É um absurdo que a violência contra animais aconteça num Parque administrado pelo poder público. O Campo de Santana precisa de mais segurança não apenas para os animais, mas também para as pessoas que transitam por lá. Um Parque que é considerado patrimônio histórico, artístico e paisagístico do Estado e da União precisa ser preservado. Nosso gabinete vai montar um dossiê com todas as denúncias e indicações para apresentar ao prefeito Eduardo Paes, a situação não pode continuar assim”, disse o vereador.
  • Em 2019 a estimativa é de que cerca de 350 felinos integrassem a colônia, atualmente este número saltou para 500, informou o parlamentar.

Ambulatório Precário

Todos os animais abandonados na colônia do Campo de Santana que precisam de atendimento veterinário são tratados em um ambulatório improvisado que funciona dentro do Parque. As instalações são precárias e são mantidas, conforme informou o vereador, por voluntárias que atuam no local.

  • Este é um espaço fundamental para cuidar dos animais, mas não oferecem nenhuma segurança nem aos animais e nem aos trabalhadores que atuam aqui. É absolutamente insalubre e precisa de investimentos da Prefeitura“, afirmou o vereador.

Secretário Municipal de Proteção e Defesa dos Animais rebate

O Secretário Municipal de Proteção e Defesa dos Animais, Vinicius Cordeiro relatou que a pasta tem recurso para bancar obras de infraestrutura no ambulatório, mas que não pode, em função do local (Campo de Santana) ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Cordeiro ainda relatou que a secretaria mantém duas funcionárias que atuam junto aos voluntários na proteção dos animais dentro do local. Ele afirma que diante das subnotificações de abandono e maus-tratos aos gatos, as forças de segurança ficam sem norte na hora de adotar as medidas cabíveis. O secretário também disse que teve uma reunião com a polícia militar onde relatou o cenário e firmou uma parceria para o patrulhamento o local.

Devido aos inúmeros incidentes que ocorreram envolvendo agressões de animais no Campo de Santana, crimes estes que não são denunciados, nós procuramos o comando do 5º batalhão que, a partir desta semana (terça dia18/01) irá implementar um policiamento especial no Campo de Santana, voltado para a proteção dos animais“.  

Em nota, a A Fundação Parques e Jardins informou que, “apesar de a colônia de gatos não ser de responsabilidade da autarquia, sempre deu todo o suporte aos cuidadores, inclusive cedendo espaços para as voluntárias. Não existe um ambulatório dentro do Campo de Santana, há um espaço cedido e, sim, depende de autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para qualquer intervenção. A FPJ até participou do processo de solicitação para realizar obras no local. A fundação nunca se recusou a ajudar as protetoras dos animais dentro do campo e tem empreendido todos os esforços para isso”.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Sejamos realistas, essa política de apenas sustentar com ração e água é o mesmo que dar refeição a moradores de rua e depois ir embora. O ideal é que ao chegar esse animal, deve ser recolhido para avaliação veterinária e castração. Após isso, encaminhar para uma reseva, satuário, fazendo, algum lugar que possa viver da melhor maneira possível com o devido acompanhamento médico. Deixá-los nessas áreas logo terá superlotação além possíveis problemas de feses, urinas, carrapatos, pulgas, pelos, e outros animais. Ainda a questão de que logo, logo outros serão abandonados e essa mistura dificultará o controle dos já catalogados e os ainda em risco. Adoção: sabe-se que a mesma história de distribuir mudas de plantas para pessoas que acham “bonitinho, responsável”, mas que não sabe se terá condição de manter por todo tempo aquele animalzinho em seu apartamento, casa, com outros animais, com outras pessoas. Sobre assistência médica-veterinária, há faculdades públicas de veterinária que poderiam/deveriam prestar esse serviço nas áreas públicas. Alunos, professores, trabalho em campo. O mesmo ocorre no complexo do antigo Hospital psiquiátrico Pedro II no Engenho de Dentro. O cuidado dos guardiões sem dúvida é importante e salutar, mas acabam estimulando que mais animais sejam abandonados, e acaba agravando, pois o pelo, fezes, acabam criando outro problema, além de alimentar a “ignorância” de outras pessoas em mal tratar esses animais nessas áreas. Ainda tem a questão de atropelamentos, pois alguns ficam passeando beira rua. Solução temos, falta vontade política e bom senso. Avaliação veterinária, castração, catalogar, encaminhamento para local certo, parceria/convêncio com faculdades públicas/privadas/Corpo de Bombeiros. Adoção consciente, não basta querer, precisa ter condição de manter o animal, ou ele voltará em um estado pior que o primeiro.

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