Bastante conhecido na cidade do Rio de Janeiro por colocar muita gente para fazer os mais variados passinhos de dança nos intervalos de eventos como as apresentações de Moacyr Luz no Amarelinho da Cinelândia, Julio EleMesmo enfrentou um longo silêncio recentemente. Depois disso, precisou aprender a caminhar de outra forma. E essas frases não são apenas metáforas. O jornalista e DJ é o tema desta nova matéria da série Gente do Rio.
Julio Cesar Trindade, de 35 anos, fez uma cirurgia para corrigir uma apneia. Esse procedimento cirúrgico, por si só, foi bem. O problema veio depois. Um dia depois para ser mais exato. Julio passou a sentir falta de ar 24 horas após o procedimento cirúrgico. Os médicos disseram que poderia ser ansiedade. Não era.
Durante a cirurgia, o DJ contraiu uma superbactéria KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase). A infecção começou no pulmão e se espalhou para outros órgãos, como rins, fígado e medula. Resultado: ficou 40 dias em coma, perdeu a perna esquerda, dedos do pé direito e da mão direita, passou por treze cirurgias e teve duas paradas cardíacas. Ele chegou a ter 3% de chance de sobreviver.
Tudo isso aconteceu enquanto a esposa de Julio, a também jornalista Maíra Gama, estava nos seus últimos meses de gravidez. João Francisco nasceu poucos dias depois do pai ter alta.
Julio 48h após a cirurgia, eu já em coma com o pescoço inchado
“Quando eu tive consciência de mim, uns 45 dias após a internação, eu vi que não estava legal. Antes disso, eu pouco lembro. Eu sonhava muito, alguns pesadelos constantes que eu sabia que eram pesadelos e que logo eu iria acordar, mas eu entrava e saia de um pesadelo atrás do outro. Foram 40 dias de muito sofrimento interno também. Eu não pensava em nada além de sair do hospital, mas pra isso dependia da fisioterapia. Me mantive 100% focado em me exercitar lá dentro e seguir com o que a equipe médica orientava pra sair logo de lá“, lembrou Julio.
O DJ está movendo uma ação contra a A Casa de Portugal (onde fez a cirurgia), no Rio Comprido, e o plano de saúde Bradesco.
Passado esse (ou esses) pesadelo(s), Julio está, aos poucos, retomando a vida. A adaptação não tem sido das mais fáceis, mas com muito bom humor e força de vontade, ele está seguindo: “Uma das coisas mais difíceis, fora do hospital, num primeiro momento, com certeza foi me adaptar à cadeira de rodas. Vivemos em uma cidade com acessibilidade praticamente zero“, pontua.
Agora, Julio está se locomovendo sem cadeiras de rodas, usando uma prótese e voltou a se apresentar como DJ. Os passos e passinhos voltaram. Ainda em ritmo mais cadenciado, mas voltaram.
“Tenho procurado ir devagar, fazendo poucos eventos para o corpo ir se adaptando. Já voltei com o Amarelinho e fiz alguns eventos com a galera da College Rock Party e com o pessoal do Dois de Fevereiro. Pro Carnaval, estarei todos os dias no Bafo da Prainha”.
Sobre os dias de folia, o DJ deu o recado: “Vamos repetir a dobradinha que deu certo em 2024, quando coloquei milhares para dançar durante o Carnaval no Bafo. Mais uma vez, agradeço a confiança do Raphael Vidal e a parceria de sempre“.
Pensando no futuro, Julio disse “como jornalista, ainda não sei nem o que vai ser. Gosto de assessoria política, mas quem sabe a maré me leve para outra área? Me sinto meio ex-BBB quando sai do programa, anunciando que tem uns projetos vindos, quando na verdade tô vendo ainda qual vai ser de tudo [risos]. Na vida pessoal, espero seguir me recuperando, tentando me manter firme e voltar ao normal – ou quase isso – o mais breve possível“.
Vale lembrar que Julio já escreveu para o DIÁRIO DO RIO, como colunista. Aqui, neste link, dá para ler os textos.
Aos poucos, Julio, o jornalista, o pai, o marido, o filho, o DJ, todos eles vão voltando a ser EleMesmo. Dando novos passos e colocando todo mundo para fazer passinhos.
