Localizar e se estabelecer em um ponto de venda bem localizado e de grande fluxo de consumidores não é uma tarefa fácil para nenhuma equipe de marketing. Esses são difíceis de se encontrar, preços que podem inviabilizar a operação e altamente disputados. Diante de uma disputa cada vez mais acirrada por espaços, que culminou no aumento do aluguel em inúmeras partes da cidade, empresas têm buscado se posicionar de forma a reduzir seu estoque, reduzir margem e aumentar giro sem perder o retorno esperado no final do mês.
Se, por um lado, os pontos em avenidas de grande fluxo são difíceis de se encontrar, a primeira escolha é a de Shopping Centers. Mas esses pontos são restritos a poucos que possuem margens maiores e conseguem se manter nesse tipo de empreendimento.
De uns anos para cá, talvez desde o início das concessões dos aeroportos, percebemos um incremento no número de lojas presentes nos portões de embarque. Quem já teve a oportunidade de viajar para o exterior e passar por um grande aeroporto pôde perceber o quão similar a um shopping center esses locais são. Afinal, temos um grande fluxo de pessoas, normalmente despreocupadas por estarem viajando de férias ou mesmo a trabalho.
Com as Olimpíadas e Copa do Mundo, muito foi investido em infraestrutura, principalmente em estações de metrô. Mas, ao menos no Rio de Janeiro, essas estações eram apenas estações. Pontos de embarque e desembarque, desertos e com amplo espaço. Na mesma linha dos aeroportos, metrôs são um ponto onde há um grande fluxo de pessoas e, consequentemente, potenciais compradores. E se há uma coisa que todos nós precisamos, são produtos básicos para casa, que nos podem ser oferecidos por lojas de conveniência.
Underground Market foi a primeira loja de conveniência a se estabelecer em um metrô no Brasil, e escolheu como ponto de desembarque a estação da Praça Antero de Quental no Leblon para tal feito. Na lógica da compra rápida de conveniência, possui produtos para o dia a dia e que sempre estamos precisando comprar. Com markup menor, aposta no alto giro para compensar o retorno do mês, se tornando um ponto de venda com atrativos que superam preço e conveniência de estar no exato caminho de volta para casa. Bastando descer na estação, fazer as compras, e voltar ao seu rumo original.
A AmPm, que estreou no Brasil em 1993 nos pontos Atlantic, cuja a operação foi adquirida pelos postos Ipiranga no mesmo ano, também possui esse viés de conveniência. Mas será que após quase 30 anos no Brasil, não estaria na hora da empresa apostar em outros pontos de venda que não os próprios postos de gasolina?
A Americanas, lançou em 2018 a Local Americanas, e, no mesmo ano, anunciou a abertura de aproximadamente 30 lojas de conveniência entre Rio de Janeiro e São Paulo. A gestão da empresa é muito clara e focada em redução de custos e aumento de margem, inclusive com redução de markup e oferecendo ao cliente preços quase imbatíveis. Mas não foi a primeira empresa a abrir uma loja de conveniência em um Metrô.
Ser o primeiro, não necessariamente garante uma vantagem competitiva perene, mas lhe dá uma visibilidade e compreensão de uma operação prática enquanto os demais permanecem nos estudos de viabilidade e prospecção. Underground Market pode vir a expandir a sua rede nos próximos anos, ou podemos ver uma mudança de estratégia da AmPm e Local Americanas, que transformaria os metrôs do Rio de Janeiro, em uma batalha por clientes, onde quem sai ganhando é o consumidor, com maior comodidade e menores preços sem ter que perder tempo se desviando de seu percurso.
Vale ressaltar que o bairro do Leblon tem pouco mais de 46 mil habitantes, mas apenas o Shopping Leblon possui mais de 700 mil pessoas distintas circulando por mês. Isso nos dá uma pequena noção do fluxo que deve passar pela Estação da Praça Antero de Quental e que hoje podem realizar um lanche ou fazer compras de produtos para suas casas a um custo mais baixo.
