Amanhã, Domingo, dia 1º de dezembro, às 11h, será celebrada Missa de Exéquias em Sufrágio da Alma do Imperador D. Pedro II, na Igreja da Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A Santa Missa em honra ao Chefe de Estado Brasileiro deposto por um golpe militar e falecido em 1891 é promovida anualmente pela Imperial Irmandade, a Ação Orleanista e o Diretório Monárquico do Rio de Janeiro. Dom Pedro nasceu em dois de dezembro de 1825 e faleceu em 5 de dezembro de 1891. A Santa Missa será celebrada pelo Monsenhor Sergio da Costa Couto.
Recentemente, o Outeiro da Glória – templo católico que conta com um brasão do Império do Brasil em sua nave setecentista – recebeu as celebração das exéquias do Príncipe Imperial Dom Antônio de Orleans e Bragança, falecido recentemente, e contou com a presença do Chefe da Casa Imperial Brasileira, Dom Bertrand, além de toda a família imperial. A cerimônia contou com a presença da Marinha do Brasil e foi celebrada de corpo presente, tendo o príncipe falecido recebido, segundo especialistas, honras de chefe de estado.
Como a igreja é pequena, recomenda-se chegar cedo nas cerimônias mais concorridas.
Ao nascer, Dom Pedro II recebeu o nome de Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga. O monarca veio ao mundo no Rio de Janeiro, no dia 2 de dezembro de 1825. Cognominado “O Magnânimo”, Pedro, que sucedeu o seu D. Pedro I, foi o segundo e último monarca do Império do Brasil, o qual chefiou por 58 anos, de 1840 a 1889. Era filho o de caçula de Pedro I do Brasil e da imperatriz consorte Maria Leopoldina da Áustria; sendo membro do ramo brasileiro da Casa de Bragança.
Com a sua abdicação forçada ao trono do Brasil, após o golpe militar de 15 de novembro de 1889, o “magnânimo” foi obrigado deixar o Rio de Janeiro da noite pro dia, com sua família. Fato que se deu de madrugada, pois os militares revoltosos temiam apoio do povo ao seu monarca, respeitado por todos na ocasião. Os golpistas chegarem a lhe oferecer uma fortuna como indenização, mas o Imperador, sempre austero, negou-se a receber os cinco mil contos de réis, o que teria irritado ainda mais os revoltosos.
Pedro II se tornou o imperador do País com apenas cinco anos de idade, fato que o obrigou a voltar-se completamente para os estudos em preparação para o desempenho das atividades e atribuições monárquicas. Durante este período, o país foi governado por Regentes; dentre eles, o conhecido José Bonifácio de Andrada.
Nosso segundo imperador teve a sua maioridade decretada aos 13 anos para evitar a desintegração do Império. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelo jovem monarca no início, o Brasil encontrou estabilidade e progresso no seu reinado. Deposto em 15 de novembro de 1889 pela quartelada conduzida por alguns poucos militares, à primeira república, D. Pedro II deixou um país considerado uma potência emergente e politicamente estável, em razão da sua forma de governo estável há décadas: a monarquia parlamentar constitucional.
Muito culto, Pedro II foi um grande incentivador e patrocinador do conhecimento, da cultura e das ciências. Lutou toda sua vida de monarca constitucional pela abolição da escravidão no país, fato conseguido apenas em 1888 e que teria precipitado a queda da monarquia. Por sua erudição foi respeitado e reverenciado por grandes nomes da sua época, como Alexander Graham Bell, Victor Hugo, Friedrich Nietzsche e Charles Darwin. O Imperador também foi amigo de Richard Wagner, Louis Pasteur e Henry Wadsworth Longfellow, entre outras figuras proeminentes nos universos das artes e das ciências.
Após o golpe que proclamou a República, Pedro II teve que deixar o Brasil em exílio às pressas. O monarca viveu um período em Portugal. Os seus últimos anos de vida foram passados em Paris, capital da França, onde faleceu, no dia 5 de dezembro de 1891, aos 66 anos, acometido por grave doença pulmonar. Seu funeral teve tamanha dimensão que embaraçou as autoridades republicanas no país.
Na ocasião, o anúncio da sua morte gerou forte comoção em todo o mundo. Ao Hotel Bedford, onde estava hospedado, chegaram mais de 2 000 telegramas de condolências à Família Imperial. O monarca brasileiro foi velado na Igreja de La Madeleine, com o caixão sendo levado em cortejo até a estação de Paris, de onde seguiu para Espanha, e posteriormente para Portugal, onde foi sepultado sob forte comoção popular.
Em 1921, os seus restos mortais, juntamente com os de Dona Teresa Cristina, sua esposa, foram repatriados para o Brasil. No País, os restos mortais e as almas dos monarcas foram reverenciados pelo Estado e pela Igreja Católica. Os imperadores foram sepultados, em 1939, no Mausoléu Imperial da Catedral de São Pedro de Alcântara, na cidade serrana de Petrópolis, com a presença de inúmeras autoridades e personalidades da sociedade brasileira, entre eles o presidente Getúlio Vargas.
A Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro
Considerada uma das joias da arquitetura colonial brasileira e uma das igrejas mias emblemáticas da cidade, a Imperial Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, ou simplesmente como Igreja da Glória, começou como uma pequena capela, construída em um terreno doado por Cláudio do Amaral Gurgel à Irmandade da Glória, em 1699.
Inaugurada em 1739, a planta da igreja é composta por dois octógonos, que lhe dão a forma de um “8”. Os espaços curvos são uma forma típica do barroco e uma novidade na arquitetura do Rio. Em um dos octógonos fica a nave curva da igreja, enquanto o outro é ocupado pela sacristia. A pedra usada na construção do templo saiu da Pedreira da Glória, localizada no Morro da Nova Sintra, no bairro do Catete.
As partes baixas da nave da Igreja da Glória são cobertas por painéis de azulejos brancos-azuis lisboetas com temas bíblicos, feitos na oficina de Mestre Valentim de Almeida, entre 1735 e 1740. A sacristia também é revestida de azulejos, mas com temas profanos – cenas de caça. A igreja conta ainda com três altares no estilo rococó, datados da transição entre o século XVIII e o XIX; e sobre o arco-cruzeiro da capela-mor está o escudo da Família Imperial Brasileira, que ao chegar o Brasil, em 1808, passou a frequentar a Igrejinha da Glória.
No local, foi batizada a princesa Maria da Glória – futura rainha dona Maria II de Portugal -, primeira filha de dom Pedro I e dona Leopoldina, em 1819. A partir daí, todos os membros da Família Imperial foram batizados na Igreja, incluindo Dom Pedro II e a Princesa Isabel. Em 1839, Pedro II outorgou o título de “Imperial” à irmandade, que passou a ser conhecida como “Imperial Irmandade da Nossa Senhora da Glória do Outeiro”.