Gradil da Ana Neri, no Rocha, está sendo furtado a noite após noite

Moradores denunciam que os furtos acontecem à noite e com a ajuda de um caminhão, que é encostado no muro até que o material seja retirado e jogado na caçamba

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Parte do gradil arrancado pelos criminosos / Arquivo pessoal

Datado do século XIX, em sua maior parte, o gradil da Ana Nery, rua do bairro do Rocha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, está lentamente sumindo do mapa. Instrumentalizados, como sempre, por donos de ferros velhos ilegais, mendigos e viciados em drogas têm seguidamente depredado os gradis, arrancando-os pouco a pouco.

O gradil está instalado em cima do muro que separa a linha do trem da calçada e da pista de rolamento. Longe de apenas representar uma proteção para que pessoas não acessem os trilhos de forma indevida, o equipamento confere um charme todo especial ao local.

Com todos os problemas enfrentados pelo Rocha, potencializados durante anos pelo abandono da Rua Ana Neri, os moradores da região sempre lutaram para que o tradicional bairro da Zona Norte voltasse a ter o brilho e, principalmente, a segurança de outrora.

O ataque ao histórico gradil é também um ataque à memória do bairro e à dignidade dos moradores. Segundo relatos chegados ao DIÁRIO DO RIO, parte do centenário equipamento, especialmente na altura do bairro, está sendo furtado noite após noite.

Os artefatos, produzidos em ferro de qualidade e muito pesados, estão sendo retirado aos poucos, intercalando os segmentos sobre o muro.

Trecho inteiro sem gradil Arquivo Pessoal Gradil da Ana Neri, no Rocha, está sendo furtado a noite após noite
Trecho inteiro sem gradil – Arquivo Pessoal

Segundo moradores do bairro, o ataque ao patrimônio histórico é feito com o uso de um caminhão. Os criminosos encostam as rodas do veículo no muro e balançam partes inteiras do gradil até arrancá-las. Depois pegam o produto do furto e jogam na caçamba do caminhão.

Não é difícil imaginar o destino do material histórico: as dezenas de ferros-velhos esparralhados pela cidade. No caso do equipamento, o modos operandi não é amador, como no caso dos usuários de crack.

Nos casos relatados ao veículo, a prática envolve uma logística diferente, que inclui o uso de um veículo para o transporte das pesadas peças. Tudo feito, sem preocupações ou qualquer tipo de ameaça.

Os moradores do Rocha pedem providência ao poder público. Há anos o bairro é predominantemente residencial, mas a região guarda a memória dos trabalhadores do Rio, assim como das indústrias que ali funcionaram, entre elas: Sarsa, Mirurgia, Long Life e Royal Labe.

Enquanto no Riachuelo os pobres miseráveis instrumentalizados pelos depósitos de lixo e metais roubam caixas d’água e até as portas de lojas vazias, o bairro mais famoso do país tem até delivery de materiais furtados: três kombis circulam todas as manhãs pelas ruas do bairro com a única finalidade de recolher o que foi roubado na noite anterior. Um dos veículos, de placa GRU-4793, é velho conhecido de todos os moradores da Domingos Ferreira, grande centro de venda de materiais do tipo, ali junto aos fundos do Hotel Pestana.

A audácia dos criminosos que já roubaram ate o letreiro da Agência do Banco do Brasil na esquina da Barão de Ipanema com a Nossa Senhora de Copacabana – onde um dia funcionou a Colombo, vem crescendo. Roubam números de prédios, e agora….os históricos corrimãos de latão que ornam – e auxiliam os idosos que moram – nos prédios tradicionais do bairro.

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5 COMENTÁRIOS

  1. Tem que punir quem compra e quem rouba. Nem mais um do que o outro.

    Se punir apenas um deles, severamente, haverá sempre o outro que continuará na criminalidsde.

  2. Sem dúvida! Concordo totalmente com o comentário acima: só há furtos desse jeito porque há quem compre! É necessário intensificar a fiscalização aos receptadores. Quem compra esse material é também responsável pela depredação do patrimônio histórico. E não está nem aí pra isso…

  3. Enquanto isso, a polícia do Cláudio Castro faz o que? Devem estar em alguma esquina parados, dentro do carro com ar condicionado ligado, jogando jogo do Tigrinho ou navegando em redes sociais.

    O RJ tá abandonado.

  4. Os receptadores são os responsáveis. Basta plantar uma espia e descobrir pra onde e pra quem o material é enviado. Todo produto de roubo encomendado ou não é assim: cabos de cobre, autopeças, celulares, etc. Mas não tem investigação policial. Porque será?

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