‘Guardiões do Crivella’ atuam em hospitais, escolas e até em feiras, diz jornal

Grupo é acusado de tentar atrapalhar a cobertura jornalística de temas importantes para a população carioca, impedindo a divulgação de notícias contrárias a prefeitura

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Marcelo Crivella, prefeito do Rio - Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo

O grupo de apoiadores do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella , que ficou conhecido como ‘Guardiões do Crivella’, atuam em defesa do chefe do município em hospitais, escolas e até em feiras, segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo. 

Os “Guardiões do Crivella” foram alvos de uma denuncia da Rede Globo, que mostrou servidores públicos da prefeitura constrangendo e intimidando cidadãos e jornalistas nas portas dos hospitais da cidade para que não houvesse a divulgação de reportagens negativas sobre a Saúde do Rio. 

O levantamento do jornal indica que Daniela Rocha Pinto, funcionária da Prefeitura, se infiltrou entre pais dos estudantes da Escola municipal Eurico Dutra, no Iapi da Penha, Zona Norte do Rio. Ela participava de um grupo no whatsApp dos pais dos alunos, mesmo sem filhos matriculados no colégio.

Segundo a reportagem, Daniela é uma das 59 pessoas entre as 67 lotadas no gabinete do prefeito Marcelo Crivella que não são servidoras públicas –88% dos funcionários são “extra quadros”. Ela recebe o salário bruto de  R$ 6,6 mil.

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Atualmente, no gabinete de Crivella –que reúne alguns integrantes do grupo–, os funcionários que não prestaram concurso representam uma despesa bruta por mês de R$ 380.597,48 ou R$ 5,1 milhões anuais. Os dados são do gabinete da vereadora Teresa Bergher (Cidadania). No entanto, como a maior parte dos “guardiões” são comissionados e trabalham em várias áreas do município, é difícil estimar quanto custam aos cofres públicos.

De a cordo com O Globo, esses “guardiões” atuam como “cabos eleitorais” para impedir críticas à sua gestão e “arrecadadores de dinheiro”. Na última 6ª feira (4.set.2020), a Câmara Municipal do Rio de Janeiro autorizou a abertura de CPI (comissão parlamentar de inquérito) para investigar o caso.

“O prefeito Crivella criou uma milícia de cabos eleitorais para impedir críticas à sua gestão, pagos com dinheiro público. Já temos elementos que comprovam a existência de organização criminosa atuando na estrutura do município e onerando os cofres municipais. A CPI dos Guardiões do Crivella vai investigar e ouvir essas pessoas para que sejam devidamente punidas “, afirmou Teresa Bergher, ao O Globo.

Por causa da denúncia, Crivella foi alvo de processo de impeachment, votado na última quinta-feira (03/09). O pedido foi rejeitado por 25 votos a 23.

Segundo o jornal, no grupo no WhatsApp “Guardiões do Crivella” há cerca de 250 pessoas, incluindo Crivella, secretários e presidentes de empresas municipais, pastores e missionários. Há também 1 funcionário apelidado de “guardião rei” por colegas do IPP (Instituto Pereira Passos) devido ao salário alto de R$ 35 mil brutos.

Entre os apoiadores de Crivella, está também um funcionário do estado, Eduardo Gil dos Santos Duarte, que trabalha na área administrativa do Colégio estadual Frederico Eyer, no Pechincha, em Jacarepaguá, com salário bruto de R$ 3.201,07. Com cargo especial na prefeitura desde 2017, ele recebeu do município, no mês passado, R$ 7.895,56.

Os apoiadores também interferem na rotina de feiras artesanais. Embora apenas Feirartes e feiras livres possam funcionar, a da Nelson Mandela, em Botafogo, retomou as atividades há 1 mês. Mas o expositor precisa pagar R$ 135 por dia. Na Afonso Pena, na Tijuca, a Feira da Independência foi autorizada e depois cancelada na última 5ª feira (3.set), informou o jornal.

Procurada pelo DIÁRIO DO RIO, a prefeitura não retornou o contato até o fechamento dessa matéria.

Na última sexta-feira (04/09), a prefeitura informou, por meio de nota, que “reforçou o atendimento em unidades de saúde municipais para melhor informar à população e evitar riscos à saúde pública“.

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